A TheSlot.com.br, em um passado não tão distante, já estampou em uma de suas capas o trágico início de temporada do time de Brian Burke e sua trupe. Naquela ocasião, o Toronto Maple Leafs, que chegava ao início de temporada com pompa após as belas apresentações feitas na pré-temporada, batia então o recorde negativo da franquia pelas nove derrotas nos nove primeiros jogos. Para colocar a cereja podre em cima de seu bolo todo remendado, a torcida viu ainda a segunda escolha geral que seria dos Leafs por direito, se não fosse a troca por Phil Kessel, cair no colo de um de seus maiores rivais e reacender a velha história de que se realmente valeu a pena a troca com o Boston Bruins.

O então pai da criança, Brian Burke, arregaçou as mangas e foi atrás do que julgava necessário para não repetir o funesto passado. A primeira leva de reforços chegou antes mesmo dessas férias. Dion Phaneuf e Jean-Sebastian Giguere desembarcaram em Toronto mas tiveram pouco tempo para reverter a condição já instalada nos Maple Leafs. A segunda remessa começou a vir após o término de temporada, nada de estrelas, mas bons jogadores que Burke apostara seus tostões. Kris Versteeg veio com a Copa Stanley ganha com os Blackhawks fresquinha no currículo. Outro contratado como agente livre foi Clarke MacArthur, que chegou com o status de "mais um" entre os comandados de Ron Wilson, mas por enquanto é ele quem tem roubado a cena no gelo do Air Canada Centre. Já se somam cinco gols em quatro jogos na conta de MacArthur, que já faz dele o artilheiro da liga.

Da primeira parte de aquisições, Burke parece ter acertado em cheio. Em uma posição que a equipe de Ontário carece há algum tempo de regularidade, Giguere — o antigo parceiro de Burke dos tempos de Anaheim — dá mostras de que a má fase está indo embora a cada disco que não entra, e até este momento, deixa o "Monstro" Jonas Gustavsson calminho e preso em sua gaiola. Outro que caiu nas graças da torcida, mas de forma fulminante, foi Dion Phaneuf. O ex-defensor do Calgary Flames passou de recém-chegado a capitão em menos de um ano, e agora ocupa um espaço que há dois anos — após a saída de Mats Sundin — ficara vago, a de líder de uma das maiores franquias da liga. Talvez esse tenha sido o maior dilema desde a saída de Sundin, procurar um sucessor para o lugar do sueco e lidar com o fato do time e a torcida ficarem órfãos de um ídolo. Entretanto, Kessel e Phaneuf já surgem como bons candidatos ao trono azul.

Com os reforços, era compreensível que a equipe demonstrasse um pouco mais de brilho e lutasse por uma temporada melhor do que a passada, mas talvez nem o mais confiante torcedor dos Leafs esperasse um início tão empolgante. Já são quatro vitórias em quatro jogos e o melhor ataque da liga até o momento. A última vítima foi o New York Rangers na noite de sexta-feira. O jogo foi decidido só na prorrogação, que culminou no gol de MacArthur para dar mais uma vitória à equipe. Na conta ainda entram o maior rival Montreal Canadiens, a batalha de Ontário contra o Ottawa Senators e o não menos importante jogo contra os ex-campeões Pittsburgh Penguins. Quem não anda gostando nada dessa história são os torcedores dos Bruins, que já veem sua primeira escolha recebida caindo a cada rodada.

Há quem diga que pouco significa um bom começo em um campeonato tão longo como é a NHL. É plausível, mas para um integrante da "Leafs Nation" mais supersticioso aí vai uma boa notícia: a última vez em que o Toronto Maple Leafs emplacou um começo de temporada tão bom como esse foi há 17 anos, quando o time liderado por Doug Gilmour chegou às finais de conferência.

Fernnando Dittmar é um dos novos colunistas de TheSlot.com.br e ainda não se acostumou a enviar sua assinatura para a coluna.

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