Por: Marcelo Constantino

E então a série que marca o retorno do grande clássico entre Detroit Red Wings e Colorado Avalanche não está tão equilibrada como muitos imaginavam. Os palpites quanto ao vencedor se dividiam, mas a maioria acreditava numa série dura e equilibrada. E longa. Passados três jogos, está 3-0 para o Detroit.

Existem razões plausíveis para tanto. O Detroit finalmente vem jogando com o espírito de playoffs. Toda briga nas bordas vem sendo tratada com o devido respeito, sem desleixo. O time não vem dando os apagões dos quatro primeiros jogos contra o Nashville Predators. Chris Osgood vem defendendo bem, as estrelas do time vem jogando bem, Joahn Franzen vem goleando.

Do outro lado os Avs parecem não conseguir emparelhar com o jogo dos Wings. Quando conseguem chegar perto, nas duas vezes em que as partidas estiveram 4-3 caminhando para o fim, não conseguiram capitalizar. Ausências de jogadores importantes e a queda de produção de José Théodore podem ser apontados como fatores da queda de rendimento do time. Uma das ausências lamentadas é a de Peter Forbserg nos dois primeiros jogos em Detroit.

Porém, convenhamos, Forbserg não pode ser considerado exatamente um desfalque. É como se a cada jogo em que ele pudesse estar no gelo fosse lucro. Ele foi contratado assim, todos sabiam e sabem das fragilidades do jogador.

Tendo jogado apenas no jogo 3, Forsberg não foi um fator para o Colorado. Ou melhor, foi um fator sim, mas para o Detroit: uma falha de cobertura dele resultou na jogada de um gol dos Wings. Um momento de frustração que resultou numa penalidade dupla acarretou num gol em vantagem numérica dos Wings — o gol que seria o da vitória. Depois melhorou, mas sem ser o brilhante jogador a que estivemos acostumados um dia.

Muitos andam perguntando o que acontece com Théodore. Não tem muito segredo, é fácil de explicar: Théo voltou ao normal. O normal dele não é aquela forma MVP de Troféu Hart, nem mesmo a da bela arrancada final dos Avs, estendida à primeira fase dos playoffs. Já estamos carecas de saber disso. Não, Théo é um goleiro relativamente frágil, como vem sendo nesta série.

O ataque do Detroit geralmente chuta tanto a gol que faz a festa do goleiro adversário. O aproveitamento de defesas vai lá no alto, assim como a confiança. Mas nem assim funcionou para Théo. Desculpas de gripe ou quaisquer outras doenças à parte, Théodore foi sacado nos dois primeiros jogos depois de levar quatro gols. Em ambos. Peter Budaj entrou e segurou bem mais que ele.

Paralelamente, o Detroit entrou com Chris Osgood — segundo goleiro da equipe, mas que atuou como primeiro durante boa parte da temporada, tendo obtido ótimas estatísticas —, que não vem decepcionando. Nos apertados jogos 1 e 3, Osgood salvou o time em momento decisivos. Um disparo à queima-roupa de John-Michael Liles nos últimos segundos do jogo 1 e algumas defesas providenciais na última metade do terceiro período do jogo 3 garantiram as duas vitórias.

Quem não vem recebendo a devida atenção da defesa dos Avs é Johan Franzen. Autor de nada menos que seis gols na série — marcou em todos os jogos — o jogador conhecido como "Mule" é o mais quente goleador do Detroit. Depois de um hat-trick no jogo 2, lá estava ele livre no jogo 3 pra marcar mais um. Até aqui é o destaque da série.

Uma série que está 3-0 — e, até a o final da rodada de terça-feira, três das séries estavam com esse placar — sinaliza para um desfecho próximo. Salvo um milagre e/ou uma catástrofe, é questão de tempo. Se isso efetivamente ocorrer nesta série, os Avs não têm do que se queixar. Chegaram onde deveriam chegar, depois de uma bela temporada, a despeito de uma série interminável de contusões de jogadores importantes.

O que dizer da série entre Dallas Stars e San Jose Sharks?

É estranho como os Sharks — que vinham sendo o time mais quente, o melhor, da liga nas últimas semanas da temporada — joguem tão abaixo das expectativas. Isso não é de agora, vem desde a série contra o Calgary Flames. Mas parece pior agora, sobretudo porque o Dallas é muito mais time na série.

E aí temos outro paradoxo, porque o Dallas era um dos piores times da NHL na reta final da temporada. Da aquisição de Brad Richards em diante o time parecia descer ladeira abaixo. Praticamente ninguém apostava no Dallas pra seguir longe nos playoffs. Encarou o atual campeão Anaheim Ducks, tido como favorito por muitos, e despachou-o impiedosamente.

Isso não foi suficiente para criar muita confiança no Dallas, visto que a maioria dos analistas apostou no San Jose para esta série. E lá foi o Dallas enfrentar outro grande favorito à Copa Stanley. A rigor, na minha opinião, o Dallas pegou os dois maiores favoritos à Copa deste ano. Eliminou um e só uma catástrofe o impedirá de eliminar o outro.

O Dallas passa a ser, desde já, o mais forte candidato à Copa Stanley deste ano.
Marcelo Constantino destaca o hóquei de boa qualidade que tem sido jogado nessas semifinais de conferência, em todas as quatro séries.
Julian H. Gonzalez/DFP
Henrik Zetterberg marca o primeiro gol da série no jogo 1.
Eric Seals/DFP
Johan Franzen espera a coleta de chapéus do gelo, atirados em homenagem a seu hat-trick no jogo 2.
Julian H. Gonzalez/DFP
Johan Franzen marca mais um gol, agora no jogo 3.
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Página publicada em 30 de abril de 2008.