Por: Humberto Fernandes

Comentários gerais sobre as séries da segunda rodada dos playoffs.

Detroit Red Wings x Colorado Avalanche
Existia uma única chance do Colorado Avalanche reverter o panorama da série contra o Detroit Red Wings e sua sorte dependia do jogo 3.

Os Avs apostaram no retorno de Peter Forsberg, ausente nos jogos em Detroit, e na volta para casa, onde a presença de sua torcida, o ambiente hostil que se formaria no Pepsi Center e a vantagem no confronto das linhas seriam fatores decisivos para a equipe.

Não foi necessário muito tempo para perceber que as expectativas seriam frustradas. Forsberg visivelmente atuou no sacrifício, sem qualquer condição de jogo, com dificuldades para patinar. É preciso reconhecer seu esforço, mas somente uma vez na história um homem com uma perna só conduziu sua equipe ao título.

Quanto ao ambiente, Terry Frei, colunista do The Denver Post, foi preciso: “A última contagem não oficial diz que 324 mil ex-residentes de Michigan vivem hoje no Colorado; e às vezes parece que 323.284 deles estiveram em todos os jogos dos Red Wings antes de se mudarem”.

Frei viu muitas camisas dos Red Wings na terça-feira no Pepsi Center, no melhor jogo do Avalanche na série. Porém mesmo em sua melhor atuação os Avs não tiveram profundidade suficiente para derrotar os Wings, porque os jogadores fundamentais do Detroit responderam à altura ao esforço do adversário. Henrik Zetterberg e Pavel Datsyuk foram decisivos.

Não serve como justificativa, mas o desempenho do Avalanche na série foi prejudicado pela onda de contusões que derrubou Forsberg, Scott Hannan, Wojtek Wolski, Ryan Smyth e Paul Stastny. No entanto, mesmo com time completo eles não teriam profundidade semelhante.

À exceção do jogo 2, os Avs lutaram e mantiveram a esperança, não entregando os pontos. Perderam porque simplesmente não são tão bons quanto o adversário. Perderam porque não são rápidos e comprometidos quanto os Red Wings. Isso ficou evidente na temporada regular, quando acumularam quatro derrotas, sofrendo três shutouts. Os últimos sete jogos entre as equipes tiveram apenas um vencedor.

Por que o desempenho dos rivais é tão distinto? Porque há uma clara distinção no processo de formação das equipes assim como é nítida a separação entre vencedores e derrotados no aperto de mãos após a série. Ao apostar em Ryan Smyth, Joe Sakic, Peter Forsberg e Adam Foote, o Colorado formou uma equipe velha e não confiável, basta dizer que todos eles sofreram ou estão sofrendo com contusões nesta temporada. O Detroit fez o oposto, porque Zetterberg e Datsyuk são o presente e o futuro do time, não o passado. Dominik Hasek e Chris Chelios são mais que velhos, eles são idosos, mas não exercem papel fundamental no time.

Outras decisões pesaram contra o Avalanche na série. A mais polêmica foi a insistência em manter Jose Theodore como goleiro titular, o que contribuiu para que seu retrospecto recente em segunda rodada atingisse 13 derrotas consecutivas. Contra os Wings Theodore sofreu 12 gols, quatro por jogo, e ao fim do jogo 2, ainda não tinha acumulado 60 minutos de gelo, sendo substituído por Peter Budaj em ambos.

Para o jogo 3, Joel Quenneville foi claro: Theodore é o nosso cara. Mike Babcock e todos os fãs do Detroit poderiam dizer o mesmo; “Theodore é realmente o nosso cara.”

Não estamos falando em duas más atuações de Patrick Roy, em que você pensa mil vezes antes de barrar. Era Theodore, que em sua passagem por Denver foi apenas um peso no orçamento, empatando a folha salarial, geralmente relegado à reserva. O ex-goleiro do Montreal foi eficiente apenas nesta temporada, quando de suas atuações dependia o seu próximo contrato.

Theodore foi fantástico contra o Minnesota Wild, time com esquema de jogo essencialmente defensivo e sem sua maior estrela, Marian Gaborik, que fez patinação no gelo ao longo da série. Mas os Red Wings não são o Wild e Gaborik nunca será Johan Franzen. Pressionando Theodore, disparando chutes e sempre com alguém à frente do goleiro, o ataque do Detroit se mostrou impossível de ser contido.

Havia a alternativa de apostar em Budaj, que se mostrou confiável nas duas partidas em que socorreu os Avs, opção descartada por Quenneville imediatamente após o jogo 2. Do outro lado havia o exemplo de Chris Osgood, reserva efetivado como titular após duas derrotas consecutivas de Hasek.

Budaj não resolveria os maiores problemas do Colorado, justamente a falta de opções no ataque e a lentidão da defesa, mas poderia resgatar a confiança no goleiro que o time já não tinha.

A diferença entre as equipes é tão grande que, apesar de abrir o placar em dois dos jogos disputados, o Colorado liderou ao todo menos de oito dos 180 minutos de hóquei disputados. Os jogos estiveram empatados durante pouco mais de 23 minutos e na imensa maioria (148 minutos ou 82,6%) o Detroit esteve na liderança. Prova de que o time tanto domina o jogo quanto reage rapidamente aos gols do adversário, forçando os Avs a perseguirem o placar.

E quem persegue nem sempre alcança.


San Jose Sharks x Dallas Stars

Se os Sharks quiserem um dia vencer a Copa Stanley, é melhor procurar outro treinador. Ron Wilson é um fracassado.

Já os Stars são a grande surpresa destes playoffs. Ninguém imaginava que eles fossem impedir o bicampeonato do Anaheim. Pouca gente acreditava que eles atropelariam os favoritos Sharks. Que venham os Red Wings nas finais de conferência.


Montreal Canadiens x Philadelphia Flyers
A superioridade do Montreal com Carey Price não se confirmou e Martin Biron é o goleiro da série, até porque o treinador Guy Carbonneau cometeu a bobagem de apostar em Jaroslav Halak no jogo 4 — Quenneville insiste no titular e está errado, Carbonneau opta pelo reserva e está errado; afinal de contas, quem está certo?

Os Flyers deixaram a lanterna da liga diretamente para as finais de conferência. É uma das boas histórias desta temporada. Os Habs, que não foram vistos como favoritos a uma das oito vagas em outubro, surpreenderam com a primeira colocação na Conferência Leste e surpreendem como dão adeus aos playoffs.


Pittsburgh Penguins x New York Rangers
Marc-Andre Fleury está melhor que Henrik Lundqvist, então os Penguins estão melhores que os Rangers. Lundqvist inclusive custou aos Rangers o jogo 3, abrindo espaço para a segunda varrida do time de Evgeni Malkin nos playoffs.

Mesmo mais experientes, os Rangers não souberam enfrentar o adversário, tanto no jogo aberto e ofensivo quanto no jogo amarrado e físico. E Sean Avery tanto fez que acabou no hospital.

Que venham os Flyers para uma sensacional final de conferência.

Humberto Fernandes comprou um notebook.
Doug Pensinger/Getty Images
Da próxima vez que esta imagem for registrada, os jogadores do Detroit estarão se despedindo dos jogadores do Colorado..
(29/04/2008)
Jim McIsaac/Getty Images
O treinador Guy Carbonneau apostou no próximo goleiro. E perdeu. Agora ele não tem outra opção senão insistir com Jaroslav Halak.
(30/04/2008)
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Página publicada em 1.º de maio de 2008.