Por: Alexandre Giesbrecht

"Os Penguins mandaram para as redes ao menos um gol em vantagem numérica em todos os seus sete jogos de playoffs. Se os Penguins ganham por dois gols de diferença em uma noite em que deram bem menos chutes a gol (39-17), fora de casa, talvez seja bom liberar a agenda pelo próximo mês."

Foi assim que Gene Collier terminou seu texto no Pittsburgh Post-Gazette desta quarta-feira, logo após o jogo 3 da série entre Pens e Rangers, que tem o time de Pittsburgh na frente por 3-0. O domínio é claro no placar da série, mas não é tão aparente nas partidas.

A começar pela primeira, um duelo que opôs dois times que esperaram mais de uma semana para disputar uma partida depois de encerradas suas respectivas participações na primeira fase. De início, os Rangers pareceram mais alertas e saíram na frente, 3-0, mas essa impressão não durou muito, pois os Penguins empataram ainda no começo do terceiro período e viraram 20 segundos depois.

Os nova-iorquinos ainda tinham lenha para queimar na partida e empataram-na novamente pouco depois. Quando o jogo parecia já caminhar para a prorrogação, Evgeni Malkin marcou o gol da vitória, em vantagem numérica, a pouco menos de dois minutos do fim do terceiro período.

Na segunda partida, o duelo passou a ter mais semelhanças com um jogo de xadrez. Os dois times se estudaram no primeiro período, mas os dois goleiros, Marc-André Fleury, dos Pens, e Henrik Lundqvist, dos Rangers, não tinham nada de peões e fizeram boas defesas. No segundo, Malkin fez grande jogada e cruzou na área para Jordan Staal abrir o placar.

Os Rangers pressionaram, tiveram um gol (bem) anulado, mas não acharam uma maneira de vencer Fleury. Do outro lado, os adversários também não tiveram sorte com Lundqvist e só conseguiram definir o placar quando ele deu lugar a um atacante extra. Ainda assim, o gol foi sem querer, com Adam Hall simplesmente tentando aliviar a pressão, mas de maneira bastante certeira.

A partir daí, o discurso dos Rangers passou a ser o de fazer valer o mando de gelo nas duas partidas em Nova York. O início de jogo mostrou que não era só papo, e o que se viu foi mar de camisas azuis fazendo praticamente uma ressaca no campo dos Penguins. Fleury fez milagre atrás de milagre e segurou lá atrás até Marián Hossa abrir o placar. Martin Straka empatou pouco depois, em um lance em que foi necessária a intervenção dos árbitros de vídeo no estádio e em Toronto para determinar se o gol era válido.

Era. Mas os Pens não se abateram e voltaram a ficar na frente com um gol de Georges Laraque, mais conhecido por seus punhos que por seus gols. E não ficaram por aí, com mais um gol no primeiro período, fechado com um belo aproveitamento de três gols em nove chutes.

O segundo período começou mais parado, mas, depois da metade, os Rangers mostraram, em pouco mais de um minuto, que não estavam mortos e empataram novamente a partida. Isso até Ryan Hollweg cometer uma penalidade displicente em Petr Sykora. Com um homem a mais, Malkin marcou seu segundo gol no jogo, que viria a ser seu segundo gol da vitória na série — e foi dele ainda a assistência do outro gol da vitória.

No período final, mais um gol apenas para dar um pouco de sossego. De um total de 17 chutes a gol ao longo do jogo, nada menos que cinco acabaram atrás de Lundqvist. Enquanto isso, do outro lado, Fleury parou 36 dos 39 discos chutados contra si. Contou com boas defesas e ainda com a sorte, um ingrediente que não costuma faltar quando um goleiro está em boa fase.

Sim, porque até aqui é Fleury o MVP da campanha que os Penguins têm. E isso mesmo levando-se em consideração que Malkin é o artilheiro dos playoffs, ainda que com jogos a menos que seus adversários diretos.

É a 11.ª vez que um time começa os playoffs com sete vitórias seguidas (o último foi justamente o New York Rangers, em 1994). Oito desses times terminaram a pós-temporada carregando a Copa Stanley. Ainda é cedo para saber se os Penguins se aproveitarão deste histórico favorável, mas certamente do histórico antes do jogo 3 eles se aproveitaram: foi a 11.ª vez também que eles abriram 2-0 em uma série, e a nona vez que eles saíram do jogo 3 com a vitória nesses casos, incluindo 8-0 fora de casa.

É claro que, ainda que venha a conquistar o título, certamente não será ele invicto. O time ainda apresenta defeitos, como uma defesa que não dá total confiança a Fleury e acaba por obrigá-lo a se destacar. Ele tem conseguido dar conta por enquanto, mas até quando? O ataque também ainda não está exatamente como o técnico Michel Therrien gostaria, especialmente Hossa, que, apesar de chutar muito a gol, está com um aproveitamento horrível e já virou candidato a deixar a primeira equipe de vantagem numérica.

Esses defeitos são mascarados pelas vitórias em massa, mas não podem iludir a torcida, que já pensa em um 16-0 que seria absolutamente histórico. Como não vai acontecer, talvez seja melhor ambicionar algo um pouco mais realista (ou menos fantástico), como tornar-se o primeiro time da história a começar os playoffs com dez vitórias. O recorde atual é de nove, conquistado pelos Oilers em 1985.

Nas outras séries, duas surpresas: os intensos domínios de Flyers e Stars sobre, respectivamente, Canadiens e Sharks mostram que o hóquei é um dos esportes mais imprevisíveis do mundo. Mesmo na série entre Rangers e Pens, poucos poderiam imaginar que o Pittsburgh fosse ficar a uma vitória de varrer seus rivais de divisão.

Habs e Sharks estão em abismos um pouco menos profundos, porque ao menos uma vitória conseguiram (embora os californianos com mais atraso), mas vão precisar achar forças onde nem eles sabem que têm para virar o placar. Acredito que os canadenses tenham mais chances.
Alexandre Giesbrecht, publicitário, gostaria de achar um vídeo com o Aquático, vilão do He-Man, falando "Brlrlrlrlrlr, Esqueleeeeto!".
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Página publicada em 30 de abril de 2008.