Na última quarta feira começaram os playoffs da NHL, aquela época do ano que esperamos mais que a chegada do Papai Noel, ou o 13° salário, e por mais que os “Estaduais na tela da Globo” tentem, não conseguem tirar a atenção do torcedor do hóquei, esteja o time dele na “grande dança” ou não.
Na verdade, o clima de playoff já toma conta de nós quando o dia limite de trocas é passado e não há mais nada a não ser uma arrancada do nosso time em busca da oitava vaga, ou do título da divisão, ou do mando de gelo até as finais. Para cada torcedor, um objetivo, mas todos com o mesmo sabor, quando o objetivo é alcançado. E é por conta dessa atmosfera especial que vamos trazer até você o “Diário do Torcedor”, uma forma bem-humorada de contar o dia a dia dos playoffs da NHL, e como um torcedor vive esse momento. (Nota do autor: o torcedor em questão é do Pittsburgh Penguins, mas como ele é colunista de TheSlot.com.br, e não participa das mesas redondas de TV aberta, prima pela imparcialidade).
Último final de semana da temporada regular, time classificado (sabe-se lá como, depois de um verão de derrotas e vendo o time perambular pela décima colocação na conferência...), a questão era saber em qual posição terminaria, e quem seria o adversário (Mando de gelo? Não,o Flyers não ia perder para o Rangers em casa...). Acho que o Devils é o melhor dos possíveis adversários. Ganhamos dele durante a semana, Brodeur anda inconstante, e Canes e Flyers estão em ótima fase. É, perder para os Canadiens e ficar em 6º pode não ser tão ruim assim... Mas passados os jogos do domingo, tudo ao contrário (seria o hóquei uma caixinha de surpresas?). O Penguins venceu em Montreal, o Flyers perderam para os Rangers, e quem diria, ficaram em quarto, para enfrentar novamente os Flyers (de novo eles...), e com mando de gelo. Bom, pelo menos começamos em casa, mas esse ano vai ser mais difícil que ano passado...
A NHL usa um slogan no playoffs dizendo que a Copa muda tudo. E acho que muda mesmo, afinal, nunca entrei no site da NHL em um domingo à noite, e nunca usei tanto o F5 esperando a divulgação do calendário dos playoffs. Ah, o clima dos playoffs! E nada de calendário... Fui dormir e nada de horários, mas ao menos já sabia quem iríamos enfrentar. Segunda-feira, dia de trabalho... Trabalho? Ele pode esperar um pouco né? Tenho que ver os horários dos jogos, preciso me programar, claro. Ligo o computador, acesso a internet... Calendário divulgado. Penguins e Flyers, quarta-feira, 8 da noite. Expectativa no ar, vai começar. Pelo menos dois dias para relaxar até começar o campeonato para valer. Quer dizer, devia ser só um dia. Segunda-feira, mesa redonda (que presta) em canal fechado (e não é a do Galvão Bueno), dá para passar esse dia. Terça-feira você já não agüenta mais a demora. Três dias para começarem os playoffs? Vou dormir para chegar mais rápido...
Finalmente, 15 de abril. Depois de mais um dia de trabalho (até que ajudou hoje, livrou um pouco da tensão da estréia), mais uma prova de que a Copa muda tudo: meu corpo e minha saúde me perdoem, mas academia hoje, na hora do jogo, não dá, fica para amanhã, ok? 6 da tarde, pé fora do escritório, correr para pegar o metrô (que com certeza vai demorar), chegar rápido em casa, um beijo na mamãe, banho rápido, lanche leve, e pronto para a batalha. A primeira, o pré-jogo: achar um sinal de stream decente. Também, quem mandou ficar de pão-durice e não assinar o GameCenter... E olha que foi difícil viu. Poucos sinais, muitos usuários, receita para uma transmissão ruim. Mas não tem problema, pelos playoffs vale tudo. Pelo menos o jogo em si não foi tão difícil. Muitas penalidades dos Flyers, Penguins aproveitando as oportunidades, e o 4 a 1 no placar acabou dando a impressão que talvez não tenha sido tão ruim assim enfrentar os Flyers logo de cara. Mais difícil foi conseguir assistir o jogo. Que sexta seja melhor...
Bom, acabou um jogo, vamos para outro não é? Ao mesmo tempo, o Rangers vencia os Capitals (tai um resultado que eu não esperava), e os Devils venciam os Hurricanes com facilidade (é, Brodeur e os Devils nos playoffs são osso duro, melhor deixarem eles longe por enquanto). Juro que tentei assistir Blues e Canucks, dois times que tinha curiosidade de acompanhar mesmo, mas o fuso horário e o trabalho no dia seguinte não deixaram. Vitória dos Canucks, quer dizer, Luongo deve ter fechado o gol.
Quinta-feira, começam as outras séries. Por mais que os Jackets sejam simpáticos, não tinha como não optar por Flames e Hawks ou Bruins e Canadiens (só para constar, a aposta foi certa, os Red Wings atropelaram por 4 a 1, vão passear nessa série). Mais uma vez o fuso atrapalhou o escriba e não o deixou ver Sharks e Ducks (vitória dos Ducks. Dos Ducks? Sim, outro time que parece moldado para playoffs. E parece que o jovem Hiller tem potencial para suceder Giguere no gol). Em Boston, os ursos mostraram sua força, e os habitantes mostraram o desmantelamento de uma temporada que devia ser histórica. E em Chicago, um belo jogo, gols, hits, agressividade, enfim, playoffs, baby! E um aviso: não acerte uma estrela do outro time. Cammalleri deu um hit desleal em Havlat, e o que o tcheco fez? Só fez o gol de empate e com 12 segundos de prorrogação virou o jogo e venceu a primeira para o time de casa. O sinal dos jogos continua cortando muito, o cartão de crédito está prestes a ser acionado...
Sexta-feira, chegou o fim de semana, oba! Dá para assistir os jogos da costa oeste. Mas antes, clima de tensão, jogo dois da série da Pensilvânia. Sabia que não seria um jogo fácil, mas também não precisava ser tão complicado. Flyers 1 a 0, Penguins não se encontra, e Biron, o criticado goleiro Flyer, parece estar naqueles dias de pegar tudo. Precisamos mudar as linhas, Malkin e Crosby juntos, e o redivivo Bill Guerin pronto para finalizar, 1 a 1 ao final de 2 períodos. Agora vai. Vai nada, o Flyers marca o segundo no início do terceiro período... Mas é o Flyers, como eles fazem faltas, e numa dessas no finzinho do jogo... Malkin empata o jogo, prorrogação. E quantas faltas para uma prorrogação, primeiro Gill pelos Penguins, depois Knuble pelos Flyers. E o que era um 5 contra 4 para o Flyers vira um 5 contra 3 para os Penguins quando o jovem Giroux comete outra infração. O Penguins sabe que precisa matar o jogo, se o Flyers mata a penalidade ganha toda a moral. Antes que eu tivesse tempo de digitar essa frase, Guerin, de novo, faz o gol e manda a torcida ao delírio, 2 a 0 na série, vamos para a Philadelphia no domingo.
Falando em prorrogação, a boa disputa entre Ward e Brodeur leva Canes e Devils a decidirem seu jogo em mais que 60 minutos. Mas desta vez o time da Carolina leva a melhor e empata a série. É, os Hurricanes vêm realmente bem neste último mês, vai ser uma parada dura para os Devils. Parada dura que o Blues não parece ser para os Canucks, também, com Luongo pegando até pensamento, Burrows surgindo sabe-se lá de onde, e os Sedins confundindo a defesa de St. Louis, o 3 a 0 parece ser um prenúncio de uma série rápida... Ah, finalmente o sinal das transmissões pela internet ajudou, acho que agora vai.
Sábado é bom que tem jogo o dia todo. Já de tarde Capitals e Rangers, vamos ver o Ovechkin não é? Não, vimos o Lundqvist mesmo, embora o Varlamov, calouro do Capitals, jogado aos leões, foi muito bem obrigado. Mas o time da capital parece dependente demais do camisa 8, e se ele não acerta, o time se perde, e o Rangers, sétima colocação à parte, é um time veterano e sabe lidar com essas situações. 2 a 0 com dois jogos em casa? Lá vai o Capitals amarelar de novo... Bom, mudando radicalmente, vamos para o jogo dos Wings, para ver qual é. Os caras realmente parecem levar a temporada e os playoffs em banho-maria, tamanha a facilidade com que se classificam bem e conseguem as vitórias. O Jackets tentou, mas nem o Mason consegue conter o time de Detroit. Mais uma vitória fácil, quem sabe em Columbus o Nash não desencanta?
Sábado à noite. Balada, choppinho? Não, obrigado, prefiro o Hockey Night in Canada mesmo. Boston e Montreal, jogo 2. Bah, igual ao jogo 1, Canadiens não deu nem para a partida, 5 a 1 fácil, Price questionado, Gainey questionado, e nem sinal dos Bruins diminuírem o ritmo, ao contrário, o tranco maldoso de Milan Lucic em Maxim Lapierre valeu suspensão e foi o assunto do jogo... Trancos também são a tônica na série entre Chicago e Calgary. Quando o Flames abriu 2 a 0, parecia que a juventude dos Hawks ia pesar contra. Que nada, o jovem Toews realmente é um baita jogador, começo a entender as comparações com Steve Yzerman. E os Hawks viram o jogo para 3 a 2, e Khabibulin (aquele), segura as pontas no final. Hora de dormir, amanhã tem Penguins na matinê.
E chegou o domingo. Aqui o dia não começou muito bem no front familiar (mau presságio?), mas vamos nos concentrar para o terceiro jogo entre Penguins e Flyers, agora na Philadelphia, jogo difícil. O Flamengo que me perdoe, mas hoje é tarde de hóquei. Para quê? O Penguins começou levando dois gols de cara e não entram no jogo, até que Malkin acha um gol no fim do primeiro período, e Scuderi acha outro no início do segundo. Empate em 2, mas algo não vai bem, e é a vantagem numérica. Depois de conceder o terceiro gol dos Flyers, ainda toma outro com um jogador a mais. 4 a 2, fora de casa? Tá difícil mesmo. O terceiro período até passa mais rápido, ainda bem, 6 a 3 no final. Hmmm, que terça a coisa mude... Ao menos o Flamengo ganhou hehehe.
À noite, Hurricanes e Devils, Blues e Canucks. Já que a primeira série deve ir longe, optei por ver o segundo jogo, até para ver um jogo de playoff em St. Louis depois de vários anos. Mas o time de Vancouver não se deixou levar, e com atuação soberba com a vantagem numérica, marcou desse jeito os 3 gols que foram necessários para que Luongo garantisse lá atrás, e colocasse os Blues na beira do abismo. Enquanto isso, deu para ver o final do jogo dos Devils, que foram para a prorrogação, onde Zajac fez no rebote o gol da vitória de New Jersey, revertendo novamente o mando de gelo. Na madrugada carioca, Ducks e Sharks jogavam o segundo jogo de sua série, e, adivinha, o Ducks venceu de novo. A coisa ficou feia para San Jose, que mais uma vez parece esquecer a boa campanha que faz na temporada. E olha que Anaheim nem precisou da sua principal linha ofensiva, nem Hiller precisou ser sobrehumano. Com eficiência os patos mais uma vez anularam os tubarões.
Segunda-feira, mais jogos. Cheguei tarde, então não deu para ver os jogos das 8 da noite desde o início, além do que o sinal também não estava ajudando. Mas deu para ver mais uma vez que o Canadiens não tem mesmo resposta para os Bruins, que dominaram mesmo jogando no Bell Center, e ficaram a uma vitória da varrida sobre o histórico rival. Varrida que o Rangers não pode mais dar nos Capitals, que parecem que aprenderam a jogar coletivamente, com Ovechkin, Semin e Backstrom demolindo a defesa de New York, e Varlamov tendo sua noite de glória com o shutout de 4 a 0 de seus Capitals, que leva a série de volta a Washignton por pelo menos mais um jogo. E agora hora do jogo 3 entre Chicago e Calgary, agora no Canadá. E esta sim uma série de playoff daquelas. Quando ex-companheiros se tornam rivais aguerridos, é sinal que algo vai mal. E Burish e Bourque foram protagonistas em um jogo que teve de tudo, e onde o capitão dos Flames, Iginla, mostrou porque é ídolo em Calgary, chamando para si a responsabilidade, brigando, discutindo, e incendiando o Saddledome. Sem Kane, os Hawks foram menos potentes, e com a dupla Glencross e Moss inspirada, os Flames venceram a primeira, levando a série pelo menos a 5 jogos, ótimo.
Terça-feira, dia do jogo 4 na Philadelphia. Hoje o clima parece melhor, acho que vamos ganhar, com dificuldade, mas vamos lá. E difícil foi. Primeiro tempo de playoff, 0 a 0, tenso, mas o Penguins mais ligado. No segundo tempo, Biron foi Biron, e o Penguins abriu 2 a 0, com Crosby de carrinho e Kennedy (menção honrosa para a linha de Staal, Kennedy e Cooke, que vem sendo fator decisivo nas vitórias dos Penguins). No terceiro período, decisivo para os Flyers, Carcillo, o cara que você nunca espera que vá marcar, acertou o gol (e não um adversário), e fez dos últimos 5 minutos um inferno para Pittsburgh. Mas Fleury resolveu fechar o gol e em uma atuação soberba, garantiu a vitória por 3 a 1. Agora, que arbitragem horrível, errando muito e para os dois lados... Mais uma vitória e os Penguins avançam, que seja logo na quinta, em casa, para não complicar.
Em Raleigh, o Canes abriu 3 a 0 e parecia rumar para o empate na série contra os... Devils... É, e eles foram mais Devils que nunca, e acharam o empate. Mas quem diria que Brodeur iria conceder um gol a 2 décimos do final. Pois foi o que aconteceu no desvio de Jokinen, que fez Martin sair do sério e quebrar o taco contra as bordas. Enquanto esses jogos rolavam, o primeiro jogo de playoff na história de Columbus não teve nada de especial. A cada “bolinha na tela”, um novo gol de Detroit, e o 4 a 1 do placar deixou os Red Wings a uma vitória da varrida. E para encerrar essa primeira semana, os Canucks abriram 2 a 0 contra os Blues, que, contra a parede, conseguiram o que parecia impensado, vazaram Luongo duas vezes e levaram o jogo para a prorrogação, onde tiveram vantagens numéricas e não aproveitaram. E como diz o chavão... Burrows, um dos destaques do time de Vancouver, entrou sozinho em velocidade e fuzilou Mason (o Chris, dos Blues, claro) e acabou com o conto de fadas em St. Louis. Falando em conto de fadas, San Jose parece ter se ligado que pode ser a vítima de outro, caso não vencesse os animados Ducks, agora jogando em casa. E os veteranos dos Sharks assumiram as rédeas e conseguiram uma importante vitória por 4 a 3 no jogo mais aberto da série, embora não espere mais disso daqui para a frente.
Bom, uma semana já foi, um time também. Na próxima edição já devemos ter os 8 finalistas da temporada. E este pretenso diário do torcedor estará acompanhando o que este pretenso colunista acompanhar, tentando trazer os playoffs da NHL por um ângulo mais divertido e bem-humorado (quanta pretensão). Até a próxima!
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