Por: Marcelo Constantino

Talvez tenha sido o dia-limite de trocas mais muquirana que eu já vi. Marcado para ocorrer logo após as Olimpíadas de Inverno, o evento ficou claramente esvaziado pelas trocas que antecederam a parada da liga — aquelas sim foram trocas de peso — e muito ofuscado pelo brilho intenso da final olímpica entre Canadá e Estados Unidos. Apesar disso, o dia-limite teve lá suas trocas.

Talvez pela falta de uma grande troca, ou de algum jogador mais renomado e muito demandado ter sido negociado, a impressão que ficou para mim é que esse foi um dia-limite de trocas menores. Ou melhor, um dia-limite sobretudo de trocas envolvendo jogadores de escalões mais baixos. É claro que a maior parte das trocas nos dias-limite geralmente são essas, mas elas geralmente acabam ofuscadas pelas grandes. Como não houve grandes, as medianas (e baixas e até as irrelevantes) ganham proporções maiores do que deveriam na mídia. Por outro lado, se lembrarmos que o grande nome do ano passado foi Olli Jokinen...

Nesta temporada, nomes de peso como Ilya Kovalchuk, Dion Phaneuf e Jean Sebastien Giguere já haviam sido negociados antes. Kovalchuk era o nome do ano para o dia-limite e a gerência do Atlanta optou por desfazer-se dele antes desse dia frenético. Phaneuf foi uma surpresa (ao menos para mim, e sobretudo pelas patacas que o Calgary aceitou em troca). Giguere foi um alívio (para os Ducks). Ou seja, sobrou muito pouca gente de algum peso para o dia final. Ainda assim, houve quem fizesse bons movimentos. Vamos a eles, mas focando somente em cinco deles, todos objetivando no mínimo os playoffs (ou seja, nada de vendedores aqui).

Quem se deu bem?
O Pittsburgh Penguins foi novamente um dos times que melhor se reforçaram. Jordan Leopold agrega valor ao time, sobretudo se você pensar que ele chega em substituição a Martin Skoula. Alexei Ponikarovsky foi outra bela aquisição, em se tratando da magnitude desse dia-limite. É o tipo de jogador que deve atuar na segunda ou terceira linha do time, contribuindo ofensivamente para um time já bastante tarimbado nesse ponto. O custo disso? Uma escolha de segunda rodada (por Leopold) e um prospecto (por Ponikarovsky). Os Penguins agora estão melhores e seguem um sério candidato ao bicampeonato.

O Anaheim Ducks reforçou bem seu sistema defensivo. Aaron Ward é um bom defensor (que Scotty Bowman não nos ouça), com muita experiência e Copas Stanley no currículo. Se você pensar que ele chegou e Nick Boynton saiu, a coisa melhora ainda mais. Melhor que isso foi a chegada de Lubomir Visnovsky no lugar de Ryan Whitney, que andava um tanto abaixo do esperado nesta temporada. Visnovsky chega possivelmente para ser o defensor número 2 da equipe. Mas o grande gol veio mesmo antes do dia-limite, quando os Ducks conseguiram quem arcasse com o pesado salário de Jean Sebastien Giguere. O Anaheim surge talvez como o mais forte candidato à oitava vaga do Oeste.

O Washington Capitals apostou em Scott Walker e eis um jogador que chega baratinho e que pode trazer muito mais do que uma ínfima escolha de sétima rodada que os Canes receberam em troca. Claro que depende de ele conseguir se recuperar da contusão na cabeça sofrida na temporada passada (Walker nunca mais foi o mesmo desde então). Mas é uma aposta sem riscos, visto o dispêndio irrelevante. Uma movimentação mais interessante, e mais cara (uma escolha de segunda rodada), trouxe Eric Belanger. Trata-se de um central de produção e salário razoáveis, que certamente melhorará o miolo do time. Melhor que tudo isso foi a contratação de Joe Corvo, defensor que vai melhorar ainda mais a já excelente vantagem numérica (VN) do time.

O Phoenix Coyotes vem sendo apontado por alguns analistas como o grande vencedor, ou o time que mais se reforçou nesse dia-limite. Que eles se reforçaram, não tenho dúvidas disso. Mas tenho sérias dúvidas quanto à badalação em torno de alguns desses reforços. A começar por Mathieu Schneider, praticamente um ex-jogador em atividade que andava largado em Vancouver desde o ano passado. Outro defensor que chegou é o rodado Derek Morris, que tem seu valor, mas que há algum tempo segue em declínio. Pode ser que reviva bons momentos em Phoenix. Se a ideia é melhorar a VN, é provável que dê certo — mas apenas porque a VN dos Coyotes é muito ruim. Wojtek Wolski é caro, mas é bom jogador (é até estranho que o Colorado Avalanche o tenha negociado) e deve agregar ao surpreendente time do Phoenix. Já Lee Stempniak foi outra bela aquisição: trata-se de um jogador versátil e que deve elevar o nível em Phoenix (ao menos em relação a Toronto).

Por fim, o Los Angeles Kings, que adicionou pontualmente dois jogadores. O central Jeff Halpern, bom de face-off e eficiente matador de penalidades, é versátil um típico jogador de equipe, daqueles que sempre priorizam o coletivo. Frederik Modin foi a outra contratação, e ele significa sobretudo experiência para o time. Ainda que haja dúvidas sobre seu estado atual, o custo de sua contratação foi nulo: uma mera escolha de sétima rodada.

Marcelo Constantino não assistia a um jogo de hóquei no gelo pela TV desde 2004. Obrigado às Olimpíadas de Inverno e às redes de TV que se dispuseram a transmitir os jogos ao vivo.

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Página publicada em 4 de março de 2010.