Por: Alexandre Giesbrecht

É difícil discordar que os Flyers eram um dos times que mais precisavam de mudanças, mais precisamente adições, no dia-limite de trocas. Ora, talvez fosse o time que mais precisava dessas mudanças. Sua defesa ainda não é exatamente sólida, e, depois da contusão de Ray Emery, o gol está a cargo de Brian Boucher, cujo último jogo na pós-temporada foi quando o Brasil ainda era tetra, e Michael Leighton, cujo próximo jogo na pós-temporada será o primeiro. Definitivamente, não é uma receita de sucesso nos playoffs. E, sim, os Flyers têm cerca de 90% de chances de se classificar, de acordo com levantamento do blog Bird Watchers Anonymous, que acompanha os Thrashers.

Por isso, foi uma grande surpresa que o time da Filadélfia não tenha mexido em uma única peça de seu elenco no dia-limite de trocas. É raríssimo um time não fazer nada nessa data, e os próprios Flyers se mexeram em todas essas ocasiões desde 1994. Mas não desta vez. E nem falo tanto pelas carências do time na defesa e até no ataque, mas por causa da dramática situação no gol de que eu falei no parágrafo anterior.

Os Flyers foram atrás de alguém que pudesse servir como arqueiro titular, mas não quiseram ou não puderam pagar o preço pedido. Uma das opções seria Dwayne Roloson, dos Islanders, mas Garth Snow, gerente geral do time nova-iorquino, não estava disposto a trocá-lo pela maior oferta que teve — uma escolha de terceira rodada —, que pode ou não ter vindo dos Flyers. Outra opção seria Tomas Vokoun, dos Panthers, definitivamente um upgrade sobre qualquer dos goleiros que os Flyers têm sob contrato. Com os Panthers fazendo um feirão de jogadores, parecia que seriam dois parceiros até óbvios para uma troca. Mas Randy Sexton, o GG do time de Miami, chutou alto o preço pedido, o que obrigaria os Flyers a fazer Scott Hartnell, Simon Gagné ou Daniel Brière desistir da cláusula de seus contratos que impede trocas.

O GG do Philadelphia, Paul Holmgren, até poderia estar disposto a trocar um deles; eles é que provavelmente não estariam dispostos a ir para Miami — os Flyers não chegaram a pedir a nenhum deles que revisse a situação. Sexton chegou até a tentar colocar o nome de Jeff Carter nas negociações. Holmgren, entretanto, havia garantido em janeiro que não trocaria o jogador, e manteve a palavra. O pedido do Florida mostra que o time não fazia nenhuma questão de trocar o goleiro agora, ao contrário dos defensores Dennis Seidenberg e Jordan Leopold, que saíram nesta semana por preços relativamente baixos. Para deixar a situação ainda mais irônica, na noite que se seguiu ao dia-limite Vokoun ajudou os Panthers a vencer os Flyers por 7-4.

Por que não envolver então escolhas de recrutamento na troca? A resposta é fácil: porque os Flyers quase não as têm. E não foi só por isso que jogadores como Hartnell, Gagné e Brière foram oferecidos: é que o time também tinha muito pouco espaço sob o teto salarial. Vejamos, por exemplo, o caso do defensor Dan Hamhuis, dos Predators, que era outro nome bastante associado aos Flyers nas últimas semanas. David Poile, GG dos Preds, disse sentir que precisava dele para a reta final. Balela. Ele não conseguiu o que queria. Parece que os Flyers ofereceram Ryan Parent ou Braydon Coburn, uma oferta até generosa, considerando-se que Hamhuis será um agente livre irrestrito em julho (tanto Parent como Coburn também terão seus contratos encerrados, mas como agentes livres restritos), mas a verdade é que Poile não precisa realmente de defensores. Para Travis Hughes, do blog Broad Street Hockey, "eles queriam um atacante de segunda linha, e, olhando para o elenco dos Flyers, todos os atacantes de segunda linha têm cláusulas que impedem trocas em seus contratos".

O defensor Joe Corvo, dos Senators, que acabou indo para Washington, foi outro alvo do Philadelphia que não deu certo, assim como o ponta Raffi Torres, que foi dos Blue Jackets para os Sabres. Em ambos os casos, uma escolha de segunda rodada, algo que Holmgren não tem, esteve envolvida. O jeito é seguir para os playoffs com o mesmo time de antes das Olimpíadas de Inverno. Ainda que os principais rivais do Leste, Capitals, Devils e Penguins, tenham se mexido, e se mexido bem, enquanto puderam.

Alexandre Giesbrecht, 33 anos, descobriu um alfajor caseiro simplesmente espetacular.
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Página publicada em 5 de março de 2010.