Por: Phil Sheridan

Peter Forsberg carregou a bandeira da Suécia na cerimônia de abertura das Olimpíadas no último fim de semana. É uma honra concedida ao mais ilustre e bem-sucedido membro de uma seleção nacional.

Em outras palavras, é para os caras mais velhos. E Forsberg, a superestrela a caminho do Salão da Fama que fez uma breve e enigmática parada de fim de carreira com os Flyers, é um dos caras mais velhos. Seu nível de jogo tem recuado a cada ano e a cada contusão debilitante.

"Eu sempre quero jogar melhor," disse Forsberg após a nervosa vitória por 4-2 da Suécia sobre a Bielorrússia ontem. "Estou com 36. Eu não acho que vá ficar muito melhor. Para ser honesto, eu preferiria estar no meu auge a estar assim."

Havia resignação em sua voz assim como em seus penetrantes olhos azuis. Nos últimos dois anos, desde que ele se retirou da NHL por causa de um problema crônico no pé, há informações periódicas de que Forsberg pode voltar. Ele é o Pé-grande, o monstro do Lago Ness e o D.B. Cooper do hóquei, combinados em um só.

"Eu poderia dizer [ele foi perguntado] pelo menos cem vezes," disse Forsberg, e essa é uma avaliação moderada. "Eu tentei voltar no Colorado, mas eu não estava jogando no nível que quero."

Adivinhe só? Esqueça. Forsberg disse que vai terminar a temporada com o time da Liga Sueca em que joga, e que isso tende a ser o fim de sua estelar carreira.

Na verdade, quando ele olha para trás em retrospectiva, pode ver que seus esforços para jogar com a contusão no pé foram inúteis.

"Eu acho que já estive acabado por duas vezes," disse Forsberg. "Eu tenho feito cirurgias na maioria dos verões. Não acho que o pé vai ficar 100%... tenho tentado por seis anos corrigi-lo. Se eu soubesse desse roteiro em 2003, eu teria me aposentado então."

Isso teria mudado o rumo da história recente dos Flyers. Depois de avançar até o jogo 7 das finais da Conferência Leste em 2004 — e perder um ano devido à disputa trabalhista —, os Flyers voltaram em 2005 aspirando à Copa Stanley. Eles adquiriram um dos melhores jogadores do mundo: Peter, o Grande.

Ele foi um prazer de se assistir enquanto jogava. Mas aquele desconcertante problema no pé fazia-o entrar e sair do time, criando incerteza e atrapalhando a química por toda a temporada. Então, depois de tudo isso, Forsberg jogou pelo time da Suécia que ganhou a medalha de ouro nas Olimpíadas de Turim.

Os Flyers foram eliminados na primeira fase dos playoffs, uma temporada profundamente decepcionante. No ano seguinte, desesperados para reformular-se, os Flyers trocaram Forsberg para o Nashville. Ele disputou apenas mais 26 jogos na NHL.

Então foi surpreendente que Forsberg tenha decidido retornar ao time da Suécia para esses Jogos Olimpícos.

"Eu estava temeroso vindo para cá," disse Forsberg. "Eu estava jogando na Liga Sueca e em um gelo menor. O gelo é um pouco maior e melhor aqui. Você não tem muito tempo para se acostumar a ir mais rápido aqui. Eu amo joga hóquei. Toda vez que você tem uma chance de jogar e nas Olimpíadas, você deve aceitá-la."

Além de vencer duas Copas Stanley em Denver, Forsberg foi uma estrela em dois times da Suécia que venceram a medalha de ouro. Em 1994, ele se tornou um herói nacional, derrotando o Canadá com um gol na disputa de pênaltis na final. A jogada foi imortalizada em um selo postal Sueco. Em 2006, Forsberg e a maior geração de Suecos venceu novamente em Turim.

Aquilo pareceu como o desfecho ideal da carreira de Forsberg, exceto que, bom, ele voltou. Assim como Nicklas Lidstrom (39), Daniel Alfredsson (37) e Fredrik Modin (35). Forsberg não é exatamente o cara mais velho.

Mas ele não é mais a estrela, também.

"Eu acho que é um papel diferente," disse Forsberg. "Eu não tenho 25 e caras como [Henrik] Sedin estão assumindo. Mas eu estou feliz de estar aqui. Se eu jogar na quarta linha, isso realmente não importa. Eu tive um grande papel em duas medalhas de ouro Olímpicas. Desta vez, eu não sou um ataque top-6. Eu apenas faço o meu trabalho e trago alguma experiência."

Os Suecos passaram com aperto contra a Bielorrússia, o time que vergonhosamente os eliminaram em Salt Lake City. Amanhã, eles jogam contra a Finlândia em um dia espetacular de rivalidades do hóquei. Os Estados Unidos enfrentam o Canadá e a Rússia pega sua relutante ex-nação-satélite, a República Tcheca.

O Canadá e a Rússia são considerados favoritos à medalha, mas seria imprudente desconsiderar os Suecos. É uma marca de como eles são bons com atacantes como Sedin, Henrik Zetterberg e Nicklas Backstrom que Forsberg tem um papel específico.

"Eu apenas vou aproveitar cada oportunidade de jogar," disse Forsberg. "Eu não acho que vão haver muitas outras como essas."

Seus dias de herói ficaram para trás. Ele não é Peter, o Grande. Não mais.

Mas pelo menos ele foi.

Phil Sheridan escreve para o jornal The Philadelphia Inquirer, onde o artigo original foi publicado no dia 19 de fevereiro. Traduzido por Humberto Fernandes.
Edição Atual | Edições anteriores | Sobre TheSlot.com.br | Comunidade no Orkut | Página no Facebook | Contato
© 2002-10 TheSlot.com.br. Todos os direitos reservados. Permitida a republicação do conteúdo escrito, desde que citados autor e fonte.
Página publicada em 5 de março de 2010.