Por: Ron Cook
Peter Diana/Pittsburgh Post-Gazette
Roberts discute com o juiz Dave Jackson no fim do jogo 2 contra os Senators.

Deu para perceber como poderia facilmente ter sido o goleiro Marc-André Fleury, dos Penguins, o torturado pelo crítico gol em vantagem numérica de Gary Roberts no sábado? Como poderia ter sido o defensor Brooks Orpik jogado na semana que vem por Roberts quando este assistiu outro gol importante no terceiro período? Roberts queria defender o Ottawa Senators, não queria? Ele queria ir para Toronto ou Ottawa quando saiu da Flórida, no dia-limite de trocas, em fevereiro, para poder ficar mais perto de sua filha, em Toronto. Os Penguins não estavam nem em sua alucinação mais louca, ao menos não até dois de seus amigos — Mario Lemieux e Mark Recchi — ligarem para ele a fim de falar bem de Pittsburgh e dos Penguins.

"As coisas não acontecem por acaso", filosofou Roberts no começo da noite de sábado, depois de ter um papel estelar no que ele descreveu como uma "imensa, imensa" vitória de seus Penguins por 4-3 contra os Senators no jogo 2 da série entre os times nos playoffs da Copa Stanley.

"Obviamente, eu desisti da minha cláusula que impedia trocas para vir para Pittsburgh. Estou satisfeitíssimo que o fiz. Não estou reclamando."

A imprensa canadense, que sufocava Roberts em um corredor apertado do Scotiabank Place, queria mudar de assuntro e fazer ele falar sobre como ele aumentou sua lenda como matador de Senators, mas ele tinha mais uma opinião a oferecer antes de prosseguir.

"Não acho que poderia ser melhor do que jogar com Crosby, Malkin e Staal. Esses caras me mantêm jovem."

Você está certo.

Aí está a explicação de por que Roberts, aos 40 anos, está jogando como se fosse 10 ou mesmo 15 anos mais novo, especialmente na hora dos playoffs e especialmente quando os Senators são os adversários. Em três temporadas diferentes nesta década, jogando pelo Toronto, ele foi a peça-chave na eliminação do Ottawa. Ele tinha dez gols e sete assistências em 17 jogos de playoffs contra os Senators.

"Ele conhece muito bem aquele time", contou o técnico dos Penguins, Michel Therrien, rindo maldosamente.

Conhece como magoar os Senators, de qualquer jeito.

Roberts não acabou com eles desta vez, mas impediu que os Senators jogassem os Penguins em um perigosíssimo buraco, com 2-0 na série. O que você acha que foi mais impressionante? O jeito com que ele pulou em cima do rebote de uma bomba de Sergei Gonchar e mandou um chute que venceu o goleiro Ray Emery, empatando o jogo em 2-2, no começo do terceiro período? Ou como ele derrubou o defensor Wade Redden, tirando dele o disco, atrás do gol dos Senators, permitindo que Michel Ouellet o recolhesse e passasse a Jordan Staal, que marcou o gol de empate em 3-3? Quem consegue decidir? Como se escolhe um de seus filhos? Ambas as jogadas foram obras lindas para os Penguins. E ambas foram jogadas clássicas do bom e velho Roberts.

"Na vantagem numérica, claro, minha função é ficar na frente do gol e tentar passar o disco para [Sidney] Crosby e [Evgeni] Malkin", disse Roberts. "É assim que eu marco meus gols — na frente, em rebotes, batalhando."

Quanto ao gol de Staal...

"Eu só estava tentando criar alguma coisa", reconheceu Roberts. "Eu vi o disco perdido aos pés de Redden e tentei simplesmente terminar meu tranco."

Hóquei é um jogo engraçado. Roberts jogou os dois primeiros períodos na linha principal dos Penguins, com Crosby e Colby Armstrong, e não deu um chute a gol nem chegou perto de um lance de perigo, principalmente porque aquela linha estava sendo oposta ao melhor par defensivo dos Senators, com Chris Phillips e Anton Volchenkov. Só quando foi mandado para uma linha com Staal e Ouellet o gelo se abriu para ele.

"Como sempre mostramos", observou Therrien, "não temos medo de dar uma chacoalhada nas coisas."

Um segundo período podre, em que os Penguins sofreram cinco penalidades, sofreram mais chutes, 19-5, e mais gols, 2-0, forçou Therrien a embaralhar suas linhas, em busca de uma faísca. Crosby respondeu ao pareamento com Malkin e Recchi, marcando o gol da vitória em um passe açucarado de Recchi para o meio, a cerca de oito minutos do fim do jogo.

Dá para dizer que Roberts também respondeu.

"Ele é um líder no vestiário e, mais importante, no gelo", elogiou Therrien. "Ele sempre encontra um jeito de armar uma grande jogada. Ele tem sido mais do que eu esperava. Você ouve tantas coisas boas a respeito dele, mas, até que você conviva com ele e veja a sua personalidade e como ele trabalha duro, não dá para apreciar de verdade. Ele é como um irmão mais velhos para esses jovens garotos. Ele trouxe tanta coisa boa para eles."

"Eles" seriam Crosby, Malkin e Staal.

Sabe aqueles caras que mantêm Roberts jovem?

É bom que alguma coisa esteja dando certo para ele, porque ele é um velho — relativamente, é claro — jogando um esporte brutalmente violento. Se ele não fosse tão durão e não estivesse em tão boa forma, ele poderia não ter se levantado de um tranco por trás que o ponta Chris Neil, dos Senators, deu depois do apito, no último minuto. Ele claramente não gostou do lance.

"Eu sei quem fez o lance, é óbvio", disse Roberts, imitando igualzinho o sorriso maldoso de Therrien. "Foi um tranco atrasado, sem dúvida. Mas está tudo bem. Vai ser uma série longa."

A mensagem foi clara. Neil e os Senators ainda vão ouvir falar muito de Roberts. Seria bom se eles se considerassem avisados disso.

Ron Cook é colunista do jornal Pittsburgh Post-Gazette. O artigo foi traduzido por Alexandre Giesbrecht .
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Página publicada em 18 de abril de 2007.