Por: Marcelo Constantino

Mathieu Schneider estava no Detroit Red Wings em 2007, quando o Anaheim eliminou a equipe de Michigan e foi à final ser campeã. Na temporada seguinte, com passe livre, foi para o Anaheim Ducks. Aí foi a vez do Detroit ser campeão. Ou seja, Schneider esteve sempre no lugar errado e na hora errada nos últimos anos.

Mas os últimos anos não foram assim tão ruins como parece. Nos anos em que esteve em Detroit, apesar das decepções da equipe nos playoffs, ele foi o defensor número 2 da equipe. Para alguns, houve momentos em que ele era mais importante para a equipe do que o próprio irrepreensível Nicklas Lidstrom (você até pode chamar esses alguns de hereges, mas de fato houve momentos em que Schneider estava jogando muito). O poder ofensivo que Schneider trazia à linha azul da equipe é algo que certamente fez falta quando o Detroit perdeu a final de conferência pra o Anaheim em 2007 — o defensor machucou-se durante a série e desfalcou o time nos jogos restantes.

Na temporada, sem acordo com os Wings, que não topavam pagar vários milhões de dólares pelo defensor chegando aos 40 anos de idade, ele foi para o Anaheim. Os Ducks precisavam repor a saída de Scott Niedermayer, que anunciara sua aposentadoria logo após levantar a Copa Stanley. Havia espaço suficiente no orçamento, afinal Teemu Selanne também anunciara sua aposentadoria (e Todd Bertuzzi foi contratado nesse meio).

No Anaheim, Schneider esteve um degrau abaixo de suas atuações no Detroit, mas ainda era uma potente arma ofensiva. Os Ducks caíram cedo nos playoffs em 2008 e tornou-se necessário reconstruir orçamentariamente o time — você já sabe da história: Niedermayer retornou, Selanne também — e aí entrava o pesado salário de Schneider. Com seu salário de US$ 5,5 milhões, o defensor tornou-se, digamos, um peso para o time. Foi insistentemente rifado pela liga pela gerência entre as temporadas até que, a poucos dias de começarem os treinamentos, o Atlanta Thrashers entrou no circuito.

Schneider gostaria de retornar para o Los Angeles Kings, e parece que os Kings também gostariam de tê-lo de volta. Mas tudo indica que não houve acordo entre as gerências. Então veio o Atlanta. Para ter Schneider, os Thrashers enviaram para Anaheim um prospecto cotado para no máximo chegar à quarta linha de um time na NHL e ainda dois pesos mortos.

Depois de uma temporada ruim, logo a seguir à temporada em que finalmente se classificaram para os playoffs, os Thrashers decidiram fazer uma corrida final por Schneider. Em Atlanta ele estaria cercado de defensores mais defensivos, seria finalmente o defensor número 1 e possivelmente seria o mentor do calouro Zach Bogosian. Entretanto, até o momento as coisas não têm sido nada boas.

Os Thrashers são o oitavo time de Schneider. E talvez o pior momento na carreira dele. Com 12 jogos (esta matéria está sendo escrita na segunda-feira) e apenas quatro pontos, a projeção é ficar abaixo dos 30 pontos na temporada — menos que os 39 com os Ducks e bem menos que a casa dos 50 que atingia com os Wings. Pior ainda: os catastróficos -11. Ninguém no próprio time chega perto disso, ninguém chega sequer a -6. Desde os tempos de NY Rangers, em 2000, que Schneider não termina uma temporada com mais/menos negativo.

O único gol marcado por ele saiu numa apertada derrota por 4-5 frente ao Boston Bruins. Foi o jogo em que mais produziu: marcou um gol em vantagem numérica, deu assistência para outro (também em VN), mas terminou a partida com -2 nas estatísticas. Há quatro jogos que Schneider não pontua. Tentar, ele vem tentando: ao menos ele lidera o time em chutes a gol. O problema é produzir. Seu tempo de jogo vem gradativamente caindo, em detrimento de outros defensores. Até o momento, Ron Hainsey vem sendo mais produtivo, tanto ofensiva quanto defensivamente.

O que há com Mathieu Schneider? Talvez seja o básico: uma coisa é você ser um defensor ofensivo e liderar uma defesa de um time de ponta, outra é fazer isso numa equipe ruim. Uma coisa é você jogar numa equipe de ponta e ser o segundo ou terceiro defensor. Outra é você ser o defensor número 1 numa equipe ruim. A rigor, Schneider já liderou o LA Kings quando não era exatamente um time de ponta — mas isso já tem seus cinco anos. Ou talvez seja um mau momento dele, somado a um mau momento do time. Afinal, (ainda) são 12 apenas jogos disputados. Porém, beirando os 40 anos de idade, e a não ser que este seja um breve mau momento num time fraco, talvez seja a hora de pensar em parar.

Marcelo Constantino admira o hóquei de Mathieu Schneider.

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Página publicada em 5 de novembro de 2008.