Por: Ben Clymer

A história que conto para vocês é sobre a primeira partida que jogamos após a morte de Alexei Cherepanov, quando a minha equipe, o Dynamo Minsk, enfrentou o Avangard Omsk, equipe pela qual Alexei jogava, em Omsk. Uma partida que jamais esquecerei. E muito triste.

A diferença das viagens por aqui é que sempre fico ansioso por conhecer novos lugares. Após viajar algumas vezes pelas cidades da NHL, tudo rapidamente transformava-se em rotina. Mas aqui há sempre uma nova experiência lhe esperando quando você está na estrada.

As viagens têm sido uma dura adaptação. Estar de volta à sua cidade após um vôo costa-a-costa não ocorre com frequência, mas por aqui um vôo de cinco horas e mudanças de quatro horas no fuso horário são práticas comuns.

Uma vez que chegamos a uma cidade e nos alojamos em um hotel, dentro de um minuto eu já passei por todos os canais de televisão tentando encontrar algum em língua inglesa. No hotel em que ficamos quando estávamos em Omsk, não havia nenhum canal em inglês. Nesses casos, eu pego meu computador e assisto a alguns filmes.

Após o jantar, eu voltei ao meu quarto e liguei a televisão para checar mais uma vez se não há algum canal em inglês. Paro então em um telejornal que mostrava a tragédia que acabara de acontecer com Cherepanov.

A notícia era em russo, mas foi fácil compreender que eles entrevistavam a mãe do falecido jogador. Eu senti muito por ela; você podia ver a dor que ela sentia e o quão difícil deve ser perder um filho tão jovem.

Após o noticiário, fui até o quarto de Igor Ulanov para conversar um pouco e descobrir se ele havia assistido às notícias. Ele me disse que o jogador favorito de Alexei era Jaromir Jagr e que quando ele ouviu que Jagr estava a caminho de Omsk, Cherepanov disse aos Rangers que ficaria por mais um ano na Rússia, para poder jogar com seu ídolo.

Ulanov também me disse que Alexei seria um grande artilheiro como Jagr. De fato, durante sua última partida, Cherepanov anotou seu oitavo gol na temporada.

Quando chegamos ao rinque no dia seguinte e pisamos no gelo, olhei para cima e vi um imenso retrato de Cherepanov. Enquanto faziam uma bela homenagem a ele, foi assustador lembrar o quanto ele era jovem. Não houve música durante todo o período anterior ao início da partida e o rinque estava em completo silêncio. Alguns minutos depois, no vestiário, Ulanov me disse que haviam anunciado que não haveria música durante toda a partida, em respeito a Alexei e sua família.

Quando finalmente entramos no gelo, fizeram uma cerimônia por Alexei e sua família, e foi aposentado o número 7. Se foi muito triste para mim, como adversário, imagino como deve ter sido para os seus colegas de time, amigos ou familiares.

Uma vez iniciada a partida, no rinque permanecia o mesmo silêncio que presenciamos durante o aquecimento. Nós perdemos por 5-3, mas assim mesmo a torcida local permaneceu quieta durante todo o jogo, que ficará para sempre em minha memória.

Ben Clymer foi selecionado pelos Bruins na segunda rodada do recrutamento de 1997 e durante sete temporadas na NHL participou de 438 jogos, marcando 52 gols e 129 pontos. Este ano juntou-se ao Dynamo Minsk. O texto original, publicado no blogue que o jogador mantém no site da revista The Hockey News, foi traduzido por Igor Veiga.
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Página publicada em 5 de novembro de 2008.