Por: Humberto Fernandes

A NHL está cada vez mais jovem ultimamente, com jogadores ainda adolescentes assumindo papéis de destaque em diversas equipes da liga.

Não é estranho ver carteiras de identidade com 1990 no ano de nascimento. No começo da temporada havia oito jogadores com apenas 18 anos de idade na liga e 16 atletas abaixo dos 20 anos, todos provenientes dos dois últimos recrutamentos.

Steven Stamkos, o número 1 do último recrutamento, há pouco completou dez jogos pelo Tampa Bay Lightning, o que significa que sua carreira como profissional definitivamente começou. Havia a incerteza no ar se o Lightning decidiria dessa forma, em virtude do péssimo começo de temporada do garoto de 18 anos, mas em seu último jogo do "contrato de experiência" Stamkos marcou dois gols e uma assistência.

Pense em algo mais preciso que o momento em que Stamkos finalmente desencantou. Não se rebaixa um jogador que marca dois gols e três pontos em um jogo. Não fizesse isso naquela noite, talvez agora ele estaria vestindo a camisa do Sarnia Sting na Liga de Hóquei de Ontário, completamente fora dos radares. A atuação contra o Buffalo Sabres garantiu a sua permanência na NHL durante esta temporada, mas ele ainda tem muito o que evoluir. O ex-favorito ao Troféu Calder não pode ter dois gols e quatro pontos em dez jogos e menos de 12 minutos de gelo por noite.

Esses números desmentem a ordem do recrutamento, colocando o defensor Drew Doughty, o número 2, acima de Stamkos. Pergunte ao Los Angeles Kings.

A franquia da Califórnia está amplamente satisfeita com sua escolha. Doughty tem atuado durante quase 22 minutos por noite, tendo o maior tempo de gelo do time aos 18 anos de idade. Na ausência de Jack Johnson, o garoto foi um dos pilares da equipe de matar penalidades dos Kings que anulou 28 oportunidades consecutivas dos adversários no começo da temporada.

Até no quesito "beleza do primeiro gol da carreira" o defensor Doughty superou o atacante Stamkos. Enquanto o número 2 dominou, patinou, driblou, esperou e finalizou com a habilidade de um veterano, o número 1 apenas desviou um chute de Vincent Lecavalier. Com sua mentalidade ofensiva — a segunda jogada do vídeo diz tudo —, Doughty pode ser candidato ao Troféu Calder desta temporada, principalmente se perder o "medo" de subir ao ataque.

Companheiro de Doughty em Los Angeles, o sueco Oscar Moller, de 19 anos, pode ser uma grande jóia garimpada pelos olheiros dos Kings no final da segunda rodada do recrutamento 2007. Moller foi o sétimo maior pontuador da Liga de Hóquei do Oeste (WHL) em 2007-08 e sua transição entre a liga de juniores e a liga profissional não teve escala na AHL. Em 11 jogos pelos Kings, Moller marcou quatro gols e seis pontos, atuando 14:33 em média por jogo, confirmando-se como força ofensiva.

Já o número 3 do recrutamento, Zach Bogosian, o jogador mais jovem da NHL, demonstrou no Atlanta Thrashers que ainda não está pronto para atuar na grande liga. Jogadores de 18 anos bem-sucedidos são a exceção, não a regra, principalmente entre os defensores. Doughty foge da normalidade, Bogosian não. Em oito jogos, o garoto não pontuou e acumulou índice de -2, atuando em média pouco mais de 12 minutos por noite.

Para a "sorte" do Atlanta, Bogosian quebrou a perna e ficará afastado por tempo indeterminado. Quando retornar, os Thrashers já estarão virtualmente eliminados da temporada e ele poderá disputar o Campeonato Mundial de Juniores pelos Estados Unidos, antes de vestir a camisa de sua equipe pela última vez no ano e rumar para a OHL. Não faz o menor sentido iniciar seu contrato profissional nesta temporada, desperdiçando um ano no futuro, para contar com o garoto em menos da metade dos jogos de uma campanha perdida.

No caso do defensor Alex Pietrangelo, recrutado em quarto lugar geral pelo St. Louis Blues, uma contusão atrasou a definição de seu futuro. Pietrangelo disputou apenas três jogos no mês de outubro antes de se machucar e perder seis partidas. O garoto retornou na derrota para o Pittsburgh Penguins no primeiro dia de novembro. Sem Erik Johnson, fora da temporada, os Blues contam com os 16 minutos de gelo por noite de Pietrangelo, mesmo que ele ainda não esteja no ponto. Dificilmente a gerência decidirá rebaixá-lo para os juniores, atitude que seria a mais inteligente nesse caso.

Mas não são apenas os Blues que tomam decisões equivocadas na NHL. Em Toronto, aos 19 anos, Luke Schenn é considerado fundamental para as humildes pretensões dos Maple Leafs. O treinador Ron Wilson utiliza o jogador em mais de 21 minutos por noite, demonstrando sua confiança no garoto — ou um misto de confiança e falta de opção. Schenn, quinto lugar geral no recrutamento, disputou 13 jogos na temporada, marcando dois pontos e índice -3, o que significa que seu contrato de entrada está em vigor.

Wilson, por sua vez, merece o simbólico prêmio de treinador do mês, por ter melhorado duas equipes em outubro: o San Jose Sharks, de onde saiu, e os Maple Leafs, onde chegou.

Nikita Filatov, o segundo jogador mais novo da NHL e sexta escolha geral no recrutamento, é mantido na American Hockey League pelo Columbus Blue Jackets. A gerência entende que o russo ainda não está preparado para desempenhar o estilo de jogo exigido pela grande liga. Nessa idade, Filatov deveria ser obrigado a atuar nos juniores, mas a falta de um acordo entre a Rússia e a OHL permite que o jogador perambule entre as duas principais ligas norte-americanas.

Sem Filatov, o grande destaque do Columbus entre os adolescentes é o tcheco Jakub Voracek, de 19 anos, recrutado com a sétima escolha em 2007. Jogando durante menos de 13 minutos por noite, Voracek marcou três gols e oito pontos em 12 jogos na temporada, formando a segunda linha de ataque com Derick Brassard e Jason Chimera. O atacante não tem sido mencionado com entusiasmo nas conversas preliminares sobre os novatos da temporada, mas os Blue Jackets finalmente podem afirmar que têm poder ofensivo secundário. Seu companheiro de linha, Brassard, que não está entre os 20 jogadores mais novos da liga, foi eleito o calouro do mês de outubro, graças aos seus quatro gols e nove pontos marcados em dez jogos.

Apesar do número crescente de jovens jogadores na NHL, dificilmente algum deles repetirá a produção ofensiva que Patrick Kane, Evgeni Malkin, Alexander Ovechkin e Sidney Crosby demonstraram em seus anos de estréia, não só porque os garotos estão chegando cada vez mais novos, mas também porque nesse quarteto não há jogadores normais: são todos fora de série.

Humberto Fernandes torceu para a McLaren de Lewis Hamilton no domingo.
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Já viu [Steven] Stamkos? Na hora H, o número 1 encontrou dois gols para salvar sua temporada.
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Página publicada em 5 de novembro de 2008.