NOTAS e FOTOS • Por: Humberto Fernandes e Thiago Leal

O primeiro mês da temporada 2008-09 foi bastante positivo para a NHL em diversos aspectos.

A média de público por jogo estabeleceu o recorde histórico para o mês de outubro, com 17.388 espectadores (94,1% da capacidade média). Chicago (+ 71%) e Washington (+ 24%) são os maiores responsáveis pelo aumento de público.

Em 149 jogos no mês a média de gols foi superior a do mesmo período no ano passado, com 5,9 por jogo. O número de jogos decididos na prorrogação e nos pênaltis também aumentou consideravelmente, assim como as viradas no terceiro período, promovendo a emoção.

Os bons números no gelo refletiram nas emissores de televisão. O tradicional Hockey Night in Canada experimentou acréscimo de audiência, assim como TSN, RDS e Versus. Das 30 equipes, 21 tiveram mais telespectadores nas redes locais neste mês do que em outubro de 2007. O GameCenter Live da NHL registrou aumento de 270% de assinaturas em um ano e o número de visitantes únicos ao NHL.com cresceu 7%.

E o mais importante para a saúde do jogo: a venda de produtos licenciados pela NHL cresceu 26% em relação ao mesmo período do ano passado.

Os maiores destaques do mês de outubro foram escolhidos pela liga na segunda-feira.

O ponta-esquerda Alexander Semin, do Washington Capitals, foi escolhido como a primeira estrela. Semin liderou a liga em pontos, com 16, marcando oito gols e índice +7 em nove jogos. O russo pontuou em oito dos nove jogos e marcou gol em seis deles. Semin apareceu também fora do gelo, em entrevista polêmica.

A segunda estrela do mês foi o goleiro Henrik Lundqvist, do New York Rangers. Ele liderou a liga em vitórias, com média de 1,99 gol sofrido por jogo e 92,8% de defesas. O sueco foi titular em 11 dos 13 jogos dos Rangers, registrando oito vitórias, duas derrotas e uma derrota na prorrogação.

Shea Weber, defensor do Nashville Predators, foi o terceiro destaque de outubro. Weber liderou os defensores com 11 pontos (quatro gols e sete assistências) e teve índice +5 em dez jogos. Seu tempo de gelo decolou de 19:30 minutos por jogo para 24:24 em média. Neste ritmo Weber poderá roubar o Troféu Norris de Nicklas Lidstrom.
O livro de recordes terá que esperar. Martin Brodeur, goleiro do New Jersey Devils, passará por uma cirurgia no cotovelo esquerdo para reparar um problema no bíceps e ficará afastado do gelo durante três a quatro meses.

Brodeur tem 544 vitórias na carreira e está a sete triunfos de se igualar a Patrick Roy como o maior vencedor de todos os tempos. Outro recorde perseguido por ele é o de jogos sem sofrer gol. Foram 98 em sua carreira, cinco a menos que o lendário Terry Sawchuk. Vencedor de quatro dos últimos cinco Troféus Vezina, concedido ao melhor goleiro da temporada, Brodeur poderá retornar em março, quando perseguirá os dois recordes. Ele se machucou no segundo período da vitória dos Devils sobre o Atlanta Thrashers no sábado, no último de seus 51 jogos consecutivos como titular, a maior seqüência da liga até então.

É difícil imaginar uma contusão mais devastadora em qualquer outro time da liga do que Brodeur nos Devils. Até hoje o goleiro havia perdido apenas oito jogos por contusão em toda a sua carreira. Então, pela primeira vez em 15 anos, o goleiro titular do New Jersey será outro. Kevin Weekes assumiu a posição contra o Buffalo Sabres na segunda-feira e foi derrotado. Após o locaute, Weekes atuou durante pouco mais de 3 mil minutos, o equivalente a 50 jogos, sempre como reserva.

Os Devils estão cerca de US$ 2 milhões abaixo do teto salarial. Eles terão essa margem mais o salário de Brodeur para gastar com um substituto, mas apenas durante o tempo em que o goleiro estiver afastado. É o suficiente para adquirir Dwayne Roloson, por exemplo, de quem o Edmonton Oilers procura se livrar, mas não é o bastante para apostar em Nikolai Khabibulin. A NHL será a primeira grande liga esportiva norte-americana a disponibilizar em tempo real os resultados da votação para o Jogo das Estrelas. De 12 de novembro a 2 de janeiro os fãs poderão votar em seus jogadores favoritos através de formulário na página da liga e conhecer imediatamente o montante de votos recebidos por eles.

Você se lembra da campanha pró-Rory Fitzpatrick que somente não elegeu o mediano defensor como titular do JDE porque a NHL interferiu no processo? Com a divulgação dos resultados em tempo real a liga teoricamente não conseguirá evitar que os fãs protagonizem outra votação como aquela.

Como em todos os anos, o formulário de jogadores sugeridos pela liga contém omissões imperdoáveis. Na lista de 104 jogadores divulgada na terça-feira não estão os nomes de Teemu Selanne, Duncan Keith, Tim Thomas, Mike Smith, Jeff Carter, Filip Kuba, Christian Ehrhoff, Keith Ballard e Nikolai Khabibulin, alguns dos destaques da temporada até o momento. Patrick Sharp, vice-artilheiro da liga com 16 pontos, e Corey Perry, em quarto com 15 pontos, também não foram listados.

Outro absurdo é a presença de jogadores contundidos, como Brian Rolston, Martin Brodeur, Rick DiPietro e Marian Gaborik. Dois defensores do Pittsburgh Penguins, Sergei Gonchar e Ryan Whitney, sequer disputaram um jogo e estão na lista. E ainda os atletas em péssima fase, como Martin Biron e Marty Turco, que não fizeram nada para merecer a indicação.

Felizmente a definição dos titulares do Jogo das Estrelas depende exclusivamente dos fãs. E com o sistema em tempo real, é bastante provável que uma nova campanha "Vote por Rory" aconteça. A Associação dos Jogadores da NHL quer ouvir seus membros sobre o acordo coletivo de trabalho, estabelecido há quatro temporadas e com duração até 2011. Existe uma cláusula no acordo que permite aos jogadores encerrá-lo para reiniciar as negociações. Paul Kelly, diretor executivo da NHLPA, preferiu não emitir sua opinião sobre o ACT em respeito aos atletas.

Cada jogador da liga recebeu ou receberá um questionário confidencial para responder sim ou não à seguinte pergunta: "Devemos encerrar o acordo coletivo de trabalho ao fim desta temporada?". As respostas ficarão guardadas até que os 30 times tenham respondido. Até meados de janeiro a NHLPA terá uma resposta definitiva para a liga. O mais provável é que o acordo continue como está, porque não faz muito tempo que a NHL experimentou as agruras do locaute e o faturamento da liga tem subido a cada ano, conseqüentemente aumentando o teto salarial e os salários dos jogadores.

O mais curioso nesta história é que os jogadores estão interessados em interferir na realocação de franquias se o acordo for reaberto. A motivação é financeira, evidentemente. Equipes em mercados pequenos como Nashville e Phoenix não geram faturamento satisfatório. Em outros mercados, como Quebec, Winnipeg ou Toronto, a receita da liga (e dos jogadores) seria consideravelmente maior.

A idéia é interessante, especialmente em uma liga onde a maioria dos jogadores é canadense. Depois da bela campanha de marketing do Florida Panthers para atrair mais fãs, patrocinando a primeira vez de seus torcedores no BankAtlantic Center, outra política de "doação" de ingressos chamou a atenção na NHL.

O New York Islanders lançou o "Victory Plan": os torcedores que comprarem ingresso para o jogo do dia 26 de novembro contra o Pittsburgh Penguins receberão outro ingresso se os Isles vencerem o duelo. E o prêmio não será para um jogo qualquer; os fãs poderão ver o Washington Capitals na cidade.

Penguins e Capitals têm alguns dos melhores jogadores da liga, como Sidney Crosby, Evgeni Malkin, Alexander Ovechkin e Alexander Semin. Onde quer que vão os fãs enchem a arena para assisti-los. A promoção dos Islanders existe porque a equipe tem sofrido para vender ingressos. Em seis jogos em casa, a média de público é de 13.528 espectadores, a segunda pior da liga, com apenas 83% da capacidade do Nassau Coliseum. Nem mesmo no clássico contra o arquirival New York Rangers a arena recebeu lotação máxima. Na segunda-feira, contra o Columbus Blue Jackets, não havia nem 11 mil pessoas presentes.

Os Islanders programaram mais rodadas do "Victory Plan" em jogos contra Florida Panthers, Anaheim Ducks e Minnesota Wild ao longo da temporada. Os irmãos Saku e Mikko Koivu fizeram história na quinta-feira, quando Montreal Canadiens e Minnesota Wild se enfrentaram em Minnesota. Foi a primeira vez na história da NHL que dois irmãos se enfrentaram como capitães de suas equipes.

Saku, 33, é capitão dos Canadiens desde 1999. Seu irmão Mikko, 25, tornou-se capitão do Wild nessa temporada. Dois irmãos não eram capitães ao mesmo tempo na NHL desde 1987, quando Brian e Darryl Sutter lideravam, respectivamente, St. Louis Blues e Chicago Blackhawks.

Os Habs venceram o jogo por 2-1 e os irmãos não apareceram no placar. Entretanto, ambos fazem ótimo começo de temporada. Saku marcou quatro gols e 11 pontos em dez jogos, enquanto Mikko fez dois gols e 14 pontos, liderando sua equipe em assistências e pontos. O irmão mais novo é um dos favoritos precoces ao Troféu Selke, concedido ao melhor atacante defensivo da liga. Existe uma estatística informal na NHL para os jogadores durões, utilizada pelos jornalistas para descrever o atleta que fez de tudo um pouco em um único jogo. É o Gordie Howe hat trick: gol, assistência e briga.

Antes de Wayne Gretzky, o mundo se curvava perante Howe, o maior jogador de seus tempos, então recordista de gols e pontos da NHL e um dos jogadores mais duros. Ele jogava o hóquei com toda sua intensidade.

Mas Howe não foi o primeiro a marcar o hat trick que carrega o seu nome. Acredita-se que Harry Cameron, do Toronto Arena, tenha protagonizado o feito pela primeira vez em 26 de dezembro de 1917.

Howe também não foi o jogador a marcar o maior número de Gordie Howe hat tricks na história da NHL. Na verdade ele o fez apenas duas vezes, segundo relatos de jornais e limitados vídeos da época. Ou seja, o termo é mais simbólico do que factual, relacionado ao espírito de luta do Sr. Hóquei.

O líder nessa estatística deve ser Brendan Shanahan ou Jarome Iginla, dois atacantes de muita força. Com vantagem para Iginla, que continua em atividade, enquanto Shanahan ainda procura uma equipe, aos 39 anos de idade.

• Capa
• Editorial
• Faceoff
• Prorrogação
• A gangorra dos Flyers
• Liberdade de expressão
• A KHL é uma ameaça?
• Os fracassos dos goleiros em Ottawa
• A provação dos Diabos
• Olhando para os garotos
• O que há com Mathieu Schneider?
• O Professor!
• O primeiro jogo após a tragédia

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