Por: Alessander Laurentino

Depois das quatro primeiras partidas da série entre Montreal Canadiens e Boston Bruins, os Habs lideravam a série por 3-1 e a série voltava para a partida número cinco, desta vez em Montreal, no Bell Centre.

A festa parecia que seria total da torcida da casa quando Alexei Kovalev abriu o placar na metade do primeiro período fazendo 1-0 a favor dos Habs, com assistências de Brisebois e Hamrlik, num período dominado pelo time de Montreal, que além de fazer o único gol do tempo deu 12 chutes a gol contra 7 dos Bruins.

A multidão de 21.273 torcedores presentes no estádio de Montreal pareceu não dar muita importância quando, no segundo período, os Bruins mostraram maior determinação e reagiram no placar também, conseguindo empate com o gol de Phil Kessel aos 07:45 do tempo intermediário, aproveitando oportunidade de vantagem numérica, com assistências de Andrew Ference e David Krejci. Parecia que a volta à liderança na partida era questão de tempo e que naturalmente viria com o decorrer da partida, dando a vitória na série aos Habs por 4-1.

Entretanto, os Bruins provaram que a torcida de Montreal estava enganada e que a série iria bem mais longe do que todo mundo esperava. Nem mesmo o mais otimista torcedor dos Bruins esperaria que seu time vencesse o jogo 5 da maneira como aconteceu.

No terceiro período, logo aos três minutos, o time de Boston tomou a liderança da partida para não mais perdê-la. Glen Metropolit colocou os Bruins na frente, de virada, com assistências de Nokelainen e Schaefer. Pouco depois, aos 05:49 os Bruins novamente marcaram e ampliaram sua vantagem na partida para 3-1, com o gol de Zdeno Chara em vantagem numérica.

Percebendo que a partida dificilmente poderia ser vencida os Habs abandonaram seu sistema defensivo e tentaram recuperar o tempo perdido no jogo, porém foram os Bruins que mostraram equilíbrio tático. Aproveitando-se do descuido defensivo dos Habs o time de Boston conseguiu marcar mesmo em desvantagem numérica quando Marco Sturm estufou as redes dos donos da casa pela quarta vez na noite aos 15:13 do terceiro período.

Com 4-1 no placar e uma folgada vantagem os Bruins tinham a vitória garantida, para azar dos torcedores do Montreal Canadiens, que tiveram sua festa adiada para depois. Aos 17:48 Vladimir Sobotka deu números finais à partida ao marcar o quinto gol dos visitantes e afundar os Habs em dúvida sobre sua capacidade de fechar a série, mesmo depois de abrir 3-1.

Com sua vantagem diminuída para 3-2 e o jogo 6 sendo realizado em Boston, parte da imprensa não entendeu porque os Habs "esconderam" Price das entrevistas. Como teria reagido e se comportado o jovem goleiro de 20 anos de idade, depois de tomar 5-1 em casa, quando todos esperavam que fechassem a série?

Os Bruins, por outro lado, tinham a chance de provar, frente a sua torcida que a vitória fora de casa não tinha sido obra do acaso, e que eles seriam realmente capazes de enfrentar o Montreal de igual para igual. Nada melhor do que provar isso jogando em casa e com o momento psicológico a seu favor. Depois da derrota por 5-1 em casa toda a pressão estava sobre o time de Montreal.

Novamente os Habs saíram na frente do placar quando Christopher Higgins deu a vantagem para os visitantes, na metade do primeiro período do jogo.

A partir do segundo período a partida esquentou, quando foram dados 13 chutes a gol pelos Bruins e 14 pelos Habs. Antes dos dois minutos jogadosm Phil Kessel voltou a marcar na série, empatando a partida para o Boston. A vantagem dos donos da casa durou pouco, quando, antes dos oito minutos, Tomas Plekanec novamente colocou o Montreal na frente.

No terceiro período os Bruins deram 16 chutes a gol (três a mais que o Montreal), foram mais objetivos e também contaram com uma maior sorte. As duas equipes trocaram chances desperdiçadas, gols, penalidades e tapas. Sobotka empatou novamente para os Bruins com três minutos jogados no terceiro período. Aos 10 minutos Bouillon novamente deu a vantagem para o Montreal, mas o Boston respondeu com Lucic aos 12 minutos e Kessel virou a seu favor aos 15 minutos. Apenas 11 segundos depois da virada, os Habs empataram novamente a partida com o segundo gol na partida de Christopher Higgins.

Quando os times e as torcidas começavam a pensar na possibilidade de uma nova prorrogação, os Bruins tomaram a liderança da partida, e desta vez não deixaram mais os Habs correrem atrás do placar. Marco Sturm fez o quinto gol do Boston aos 17:23 da etapa final.

No total da partida os Bruins deram um chute a gol a mais que os Habs (36 a 35) com cada goleiro registrando 31 defesas no jogo.

Mesmo com todos os elementos em jogo e se tratando de uma partida decisiva na série, a torcida de Boston foi incapaz de lotar sua própria arena. A capacidade máxima não foi atingida em nenhuma das três partidas disputadas em Boston. Novamente os Bruins não chegaram aos 95% de lotação, ao contrário do Bell Centre, que teve sua capacidade máxima ultrapassada em todas as quatro partidas que recebeu da série.

A série agora voltava para Montreal, onde seria disputado um até então improvável jogo 7 entre Montreal Canadiens e Boston Bruins. Depois de abrir 3-1 na série, o time de Quebec simplesmente não conseguia fechar a série, tendo sido humilhado em casa no jogo 5 e sendo superado pelo esforço dos Bruins no jogo 6.

Agora, frente à sua torcida, os Habs teriam a última chance de colocar um ponto final na série, ou então amargariam um registro nada confortável de ter perdido uma série com mando de gelo depois de abrir 3-1 na série.

Cientes disso, os Habs partiram ao ataque desde o começo da partida. Aos três minutos do terceiro período Mike Komisarek abriu o placar para o Montreal. Os Bruins tentaram responder, mas esbarraram em mais uma grande atuação do novato e já célebre goleiro Carey Price.

Na segunda metade do segundo período os Habs ampliaram sua vantagem com gols de Mark Streit e Andrei Kostitsyn. Aliás, o segundo período foi totalmente dominado pelo time dono da casa. Os Habs deram nada menos que 17 chutes a gol contra apenas 6 do Boston no período intermediário.

Tamanho domínio era refletido no placar, quando o time de Montreal liderava por 3 a 0 a partida. A torcida já ensaiava os primeiros cantos e Price estava fenomenal na partida, segurando tudo que era disparado. Apesar do placar desfavorável, o goleiro de Boston também apresentou uma bela atuação na noite, até quando foi possível. Quando os Bruins já se davam por vencidos, o Montreal tratou de enterrar o defunto.

Aos 17:58 do período final, aproveitando oportunidade de vantagem numérica, os Habs marcaram seu quarto gol na noite, para delírio de sua torcida. Novamente Andrei Kostitsyn marcou pelos donos da casa. Ninguém mais jogava e os Habs e sua torcida já celebravam a vitória quando Sergei Kostitsyn ainda encontrou tempo de marcar seu terceiro gol dos playoffs, o quinto do Montreal na noite, selando de vez a história da primeira rodada dos playoffs para o Montreal Canadiens.

Os Habs venceram a série que todos esperavam que vencessem. O que ninguém esperava era que os Bruins conseguissem levar a série até o jogo 7. Caso tivessem perdido a série, aí sim teríamos novidades na série. Carey Price foi o goleiro que se esperava, mesmo não tendo sido excepcional na série. A surpresa na série como um todo foram as contribuições ofensivas de tantos jogadores novatos, como por exemplo os irmãos Kostitsyn, Plekanec, Streit e Higgins pelos Habs. Mesmo no time derrotado tivemos jovens valores que se sobressaíram e prometem um belo futuro aos Bruins, como os exemplos de Kessel, Lucic e Sobotka.

Alessander Laurentino aguardava a definição das séries da segunda rodada dos playoffs enquanto escrevia esta matéria.
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Página publicada em 23 de abril de 2008.