Por: Thiago Leal

Scott Niedermayer está indeciso e não sabe se continua a jogar hóquei. Teemu Selanne divide da mesma opinião, e prefere não afirmar de retorna ou não aos rinques. Sem previsão por parte de ambos. Parece notícia antiga, mas, fã do Anaheim Ducks, acredite: estamos falando do momento atual destes dois atletas, fundamentais para a conquista da Copa Stanley na temporada passada.

Mal os Ducks foram eliminados pelos Stars e, inevitavelmente, a pergunta veio à tona. “Eu não sei”, respondeu Niedermayer quando questionado. “Ainda não sei”, respondeu Selanne, praticamente dando um Ctrl + C/Ctrl + V na resposta de seu companheiro.

Obviamente, o caso já causa polêmica dentro da direção da franquia californiana. O gerente geral Brian Burke, verdadeiro responsável pela conquista da Copa Stanley, uma vez que foi o mentor da formação do time, disse que, caso continue em Anaheim, não vai esperar pela boa-vontade de Selanne e Niedermayer.

Olhando para trás, Nieds e Selanne fizeram falta no início da temporada regular — o que pode ter comprometido consideravelmente o restante da temporada dos Ducks. Sem a regularidade que obteve com o retorno dos dois veteranos, os Ducks perderam pontos importantes nos primeiros meses de Liga. Esses pontos poderiam fazer a diferença na classificação do clube. Estivessem presente por todo o campeonato, quem sabe os Ducks pudessem, por exemplo, obter o bi-campeonato da Divisão do Pacífico e conquistar o segundo posto na Conferência Oeste. Enfrentariam o Calgery Flames, adversário que os Ducks têm um retrospecto recente bem mais generoso de que seu histórico com o Dallas Stars. Certamente o time ainda estaria vivo.

Selanne é o primeiro a reconhecer e pôr os pés no chão. “Eu só volto se for para jogar uma temporada inteira”, garantiu o finlandês. Ele só jogou os meses de fevereiro, março e o comecinho de abril de temporada regular. Totalizou 26 jogos. Sua declaração dá uma pista de retorno, quando diz que ficou feliz ao jogar novamente. Mas deixou um evasivo “Vamos ver”.

Já Niedermayer assume que talvez não tenha se dedicado tanto quanto deveria na temporada que passou. E reconhece que “foi um ano mais curto”, uma vez que se juntou ao time apenas em dezembro.

Para Niedermayer, o Anaheim Ducks tem uma multa de US$500 mil, por ter perdido os treinos de pré-temporada. Apesar da notícia ter circulado como se a NHL tivesse punido o jogador, a multa foi uma decisão dos Ducks, não da Liga. Legalmente falando, os Ducks teriam duas escolhas: liberar Nieds dos treinos, do início da temporada regular... mas permitir que seu salário continue contando para o teto salarial. Ou permitir a folga, mas suspender o salário durante o período ausente, para que não afete o teto salarial e, neste caso, multar o jogador. Foi o que aconteceu.

O macaco velho Burke solta uma pequena chantagem e afirma que Nieds não precisa bancar a multa caso decida continuar com o time. O jogador ainda tem um ano de contrato, vale salientar.

Mas Niedermayer e Selanne foram categóricos: a decisão não sai antes de 1º de julho.

Esperemos até lá?

Enquanto isso, os Ducks encaram a realidade de sua eliminação. O time foi muito bem-recebido em seu retorno a Orange County, saudado por agradecimentos de sua torcida. Mas o balanço final é insatisfatório. Burke não esconde a decepção e também indignação com a eliminação num jogo seis de primeira rodada. O movimento de quem contrata Todd Bertuzzi, Mathieu Schneider, abre espaço na folha para encaixar Teemu Selanne e adquire Doug Weight e vai buscar Marc-Andre Bergeron no dia-limite é o movimento de quem quer a Copa Stanley, e Burke parecia focado nesse objetivo. Enganou-se ao trazer Bertuzzi, obviamente. Confiou demais em Schneider no começo da temporada regular. Mas havia um claro esforço por parte do gerente geral e vice-presidente executivo em se chegar a um objetivo. Não chegar a esse objetivo perturbou Burke. Mas não chegou a acusar ninguém. Apenas apontou problemas do time ao longo da temporada.

Burke afirmou que sua prioridade é a renovação de Corey Perry. Por hora, é mesmo o melhor que os Ducks podem fazer. Perry foi o que aconteceu de melhor com o Anaheim na atual temporada. Foi um jogador decisivo e um grande marcador de gols. Um nome para o futuro, e seu contrato deve ser estudado com cuidado. Em se falando de futuro, Burke chegou a citar Bobby Ryan e a possibilidade do calouro estar pronto para subir e ficar de vez no time de cima. Se não for possível, Burke afirmou a necessidade de buscar agentes livres.

Finalizando, o gerente geral desmentiu contato do Toronto Maple Leafs. Mas sabemos como são essas coisas, então, não dá para fazer nenhuma previsão a respeito. Fiquemos com a palavra de Burke. Sobre a extensão de seu contrato? Burke diz estar negociando, mas foi novamente evasivo. Aí a gente fica com uma pulga atrás da orelha...

Randy Carlyle também se pronunciou. Falou na decepção que sentia, mas não foi direto em apontar problemas. Carlyle chegou a misturar as emoções, afirmando que estaria feliz com o trabalho, mas que houveram falhas que abreviaram a trajetória — não foi direto em especificar nenhuma delas. Mencionou lesões, minimizando-as, mas foi evasivo até no chavão moderno de “ressaca de campeão”. Não criticou nenhuma atleta, descreveu a rotina de treinos do Anaheim, a pós-temporada e deixou implícita uma crítica ao calendário de viagens da NHL. Talvez o destaque tenha sido a dimensão que Carlyle deu ao time do Dallas.

Mas uma coisa é óbvia, e Carlyle não pôde evitar de mencioná-la: o ataque deixou a desejar. Responsabilidade pela eliminação? Dificilmente. O treinador não falou sobre a defesa, mas não se fez de cego e afirmou o ônus de permitir vantagens numéricas ao adversário no jogo 1, além de deixar no ar uma certa soberba por parte do time. Carlyle resumiu rapidamente que em quatro jogos, apenas uma vitória... a postura do grupo era de quem era superior na série. Se o técnico, que estava lá dentro, constatou isso...

Nessas horas questiono qual era o estímulo de Chris Pronger, dos Niedermayers ou de Selanne nessa série.

Caso Burke fique, vai ter de re-planejar seu trabalho. O Anaheim não está mais com essa corda toda e, aos poucos, volta a ser um time comum na Liga. A renovação de Perry certamente será um assunto complicado, e, grande gerenciador que é, Burke vai precisar fazer novos malabarismos com sua folha salarial.

Falando em termos de time, muita coisa precisa ser revista. O que fazer com o problema de defesa? Deixar tudo nas mãos de François Beauchemin e de Pronger? Como reforçar o ataque? Continuar com Todd Bertuzzi? Como resolver o problema salaria de Perry? E quanto a Weight, Bergeron... e os nomes que apenas compõem o elenco e encaixam-se em linhas menores para jogo mais físico, como Todd Marchant, Brad May, George Parros, Sean O'Donnell?

Quando o campeão caiu, uma série de problemas vieram à tona. Eles custaram uma temporada ao Anaheim Ducks. Transformar um time, novamente comum, em favorito, vai ser um trabalho difícil. Certamente, viveremos uma nova transição como em 2005-06 para 2006-07. Burke é essencial para que esse trabalho seja refeito.

NOTA: Após o fechamento deste artigo, Brian Burke confirmou sua renovação com o Anaheim Ducks por mais uma temporada.

Thiago Leal recebeu esta semana os desenhos de seu primeiro roteiro de quadrinhos, a estória educativa Amigos do Meio Ambiente, feita sob encomenda para a Prefeitura da Cidade de Bayeux.
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Randy Carlyle, isatisfeito, mas contido.
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Página publicada em 23 de abril de 2008.