Por: Marcelo Constantino

O que aconteceu com o Detroit Red Wings na série contra o Nashville Predators nesta primeira fase dos playoffs da NHL de 2008 nós já vimos.

Para começar tivemos um trajeto ao da mesma série entre Detroit e Nashville realizada em 2005 — quando os Red Wings também foram os melhores na temporada, também venceram as duas primeiras partidas em casa, também perderam as duas seguintes em Nashville, também entraram em certo estado máximo de alerta depois disso, também mudaram de goleiro depois disso, também venceram as duas partidas seguintes, e também fecharam a série com um shutout.

Não apenas isso, teve também um gol importante advindo de um longo disparo de Nicklas Lidstrom do meio da rua. Em 2002, no jogo 3, isso mudou a série contra o Vancouver Canucks — e eu diria inclusive que ali começava a ser enterrada a carreira de Dan Cloutier na NHL. Agora em 2008 o gol não mudou muita coisa, mas veio a ser o da vitória no jogo 6 — o decisivo da série.

Teve também a história do melhor time versus o mais determinado — mas isso é praticamente padrão em se tratando de Detroit na primeira fase. O time parece querer jogar apenas o suficiente para superar o adversário, nada além disso. É que o Nashville realmente carece de maiores atributos — se o adversário tivesse sido o Calgary Flames, por exemplo, eu entendo que teria sido necessário muito mais.

Teve também o Detroit transformando o goleiro adversário num mito — prestem atenção, porque analistas que não assistiram aos jogos invariavelmente classificaram Dan Ellis com adjetivos superlativos, quando, na verdade, a maioria expressiva dos discos que ele defendeu foram fáceis. Você há de perguntar: "Mas, por exemplo, no jogo 5, em que ele terminou com mais de 50 defesas, também foi assim?". Sim, a quase totalidade das 52 defesas foi sem maiores dificuldades.

Ellis é um bom goleiro e fez uma ótima série, mas a quantidade astronômica de disparos a gol que os Wings dão acabam supervalorizando o goleiro. Cansamos de ver nos playoffs recentes o Detroit atirando a gol duas ou mesmo três vezes mais que o adversário e saindo do jogo com uma vitória apertada ou mesmo uma derrota.

Mas o que eu realmente ainda não tinha visto foi um dos principais jogadores de um time ficar de fora do resto da série em conseqüência de um tranco desferido por um jogador do próprio time! Jason Arnott marcou o sensacional gol da vitória no jogo 4 e recebeu um, digamos, "caloroso afago" de Alexander Radulov que o fez cair e bater com a cabeça no gelo — e consta que isso gerou uma concussão que o tirou dos jogos seguintes. Na hora do gol era tudo uma grande festa. Pudera, o time perdia o jogo faltando cerca de cinco minutos para o fim e conseguira virar em meros nove segundos. Depois o time sentiu e muito a falta do capitão.

Por fim, o Nashville fez uma boa série, dentro das limitações do time — seguramente o mais fraco dentre os classificados. Buscou superar as deficiências na base da raça e jamais desistiu. Já o Detroit conseguiu superar os apagões, as panes consecutivas — os inacreditáveis dois gols em bloco que o time levou em três jogos seguidos — e precisou elevar um pouco o patamar de jogo que estava praticando para vencer a série. Sem, no entanto, jogar um hóquei digno de time favorito à Copa Stanley.

Marcelo Constantino praticamente virou a noite de segunda para terça-feira para assistir aos jogos 5 e 6 da série.
Sanford Myers
Darcy Hordichuk comemora o gol de Shea Weber no jogo 4, do meio da rua e sem ninguém atrapalhando a visão de Dominik Hasek.
Julian H. Gonzalez/DFP
A equipe comemora o gol de Nicklas Lidstrom, que abriu o placar no jogo 6. O defensor atirou do meio do gelo e o disco passou por Dan Ellis.
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Página publicada em 23 de abril de 2008.