Por: Thiago Leal

E o Bobby Ryan?

O Anaheim Ducks tem duas fixações. Scott Niedermayer e Teemu Selanne. E essas duas fixações prejudicaram seriamente a franquia na temporada passada, quando passaram metade dela fora do time, alegando estar decidindo se continuariam ou não a jogar hóquei profissionalmente. Quando voltaram à equipe, foi tarde demais para conseguir uma colocação melhor na Divisão do Pacífico e na Conferência Oeste. Mesmo assim, os Ducks garantiram o mando de gelo, o que foi irrelevante contra uma equipe melhor estruturada, caso do Dallas Stars, e acabaram caindo na primeira rodada da pós-temporada.

Se Selanne e Niedermayer foram os pontos negativos da temporada passada, pontos positivos os Ducks tiveram muitos. Ryan Getzlaf e Ryan Carter, por exemplo, cada vez mais mostrando-se jogadores essenciais para a franquia e bons nomes para o futuro do time. E o desempenho da franquia, mesmo com todos os problemas, não foi ruim. Podemos somar isso ao fato de que os Ducks passaram a ser uma franquia temida e respeitada. Hoje temos outros Ducks, bem diferente daqueles que se identificavam como Mighty of Anaheim.

Um dos pontos positivos dos Ducks na temporada passada poderia ter sido Bobby Ryan. Jovem atacante (ala direita) estadunidense, promessa que foi a segunda escolha geral do recrutamento de 2005, aquele onde o número um foi um tal de Sidney Crosby. Os torcedores dos Ducks, em particular, muito aguardavam que Ryan tivesse sua oportunidade no time de cima, enquanto o moleque apenas disputava ligas juvenis e, em seguida, a AHL, jogando na antiga franquia filiada ao Anaheim, o Portland Pirates. E quando teve oportunidade com os Ducks, disputou "apenas" 23 jogos, marcando dez pontos — um número bom, se considerarmos que o Bobby não jogava numa das principais linhas da equipe. Poderia ser mais um nome para o futuro da franquia, juntando-se a Getzlaf. Mas nunca tornou-se a aposta principal em Anaheim. Seu talento foi desperdiçado e a experiência que uma temporada inteira na NHL poderia agregar ao atacante não aconteceu.

Esperava-se então que Ryan fosse integrado ao elenco para a temporada atual. Isso quase chegou a acontecer. Quase porque Bobby parecia fazer parte dos planos de Randy Carlyle. Mas levemos em consideração que havia um problema, aliás, dois, chamados Scott Niedermayer e Teemu Selanne, que encerraram a temporada mais uma vez com o papo de indecisão a respeito do que fariam. Mas prometeram tomar essa decisão antes que a temporada começasse. E a fixação dos Ducks em cima dos dois continuou firme.

Ryan chegou a fazer os treinamentos que antecedem a pré-temporada com o time. Até aí tudo bem. Mas Selanne e Niedermayer decidiram continuar, e os Ducks precisavam de espaço no teto salarial para poder acomodar os dois jogadores. Corey Perry chegou a ser um problema de renovação contratual. E muitos fãs tiveram de viver a agonia a respeito do futuro de Perry, perturbando-se com a possibilidade de que o jogador fosse negociado para que Selanne voltasse ao time. Só se Brian Burke fosse louco! Perry teve seu contrato renovado. E Selanne continuava sendo um problema.

No final das contas, Selanne ficou com os Ducks. Muita negociação foi feita, jogadores dispensados e espaço no teto salarial aberto. Mas a troco de quê?

Entre os jogadores dispensados está o jovem Bobby Ryan. O quanto a franquia vai ter que esperar para que Ryan evolua? Espera que isso aconteça na AHL? Atualmente, Ryan está integrado ao elenco do Iowa Chops, nova franquia filiada ao Anaheim. Em três jogos, o moleque já tem quatro pontos — dois gols e duas assistências. Comparada à produção dos Ducks atualmente, podemos dizer que Ryan é o melhor jogador do time, mesmo não estando nele.

Então pergunto até onde deve ir a fixação por duas estrelas? Não que Ryan seja mais que Niedermayer e Selanne, talvez os dois maiores jogadores da história dos Ducks (principalmente o Selanne). Mas por que aturar os luxos dos dois e largar um dos mais promissores atletas que os Ducks já tiveram na AHL? O quanto de Bobby Ryan pode se perder nesse processo?

Também podemos enfatizar que no pouco que Bobby Ryan teve oportunidade na temporada passada, só se faz elogios. O garoto se integrou bem ao elenco e jogou no nível de muito veterano — superior até a muita gente que só faz número em Anaheim. A partir daí, Burke e Carlyle poderiam apostar em Ryan.

Quando Bobby vai ser integrado ao time? Temporada que vem? Na metade dessa temporada? Quando alguém se machucar? Afinal de contas, quando?

E por que na busca por espaço no teto salarial, cortar justamente uma promessa que pode agregar mais ao futuro da equipe que outros que não têm assim tanto talento?

Bobby Ryan e o Iowa Chops
O Iowa Chops vem também melhor que o Anaheim Ducks — até porque pior seria difícil. Apesar de ter perdido na abertura da temporada, para o Quad City Flames, os Chops se recuperaram e, na seqüência, bateram os próprios Flames e, em seguida, o Peoria Rivermen.

Para quem não conhece o Iowa Chops, a franquia ficava sediada em Louisville, no Kentucky, onde era conhecida como Louisville Panthers, filiada, obviamente, ao Florida Panthers. Roberto Luongo fez sua estréia profissional pelo Louisville. Quando mudou para Iowa, os Panthers filiaram-se ao Dallas Stars, mudando também de nome, para Iowa Stars. Só depois que os Stars vieram mudar de nome, cores, e franquia filiada: viraram Iowa Chops e filiaram-se ao Anaheim Ducks, de quem receberam seu, até agora, principal jogador na temporada, o Bobby Ryan.

Os Chops têm como gerente geral Bob Murray, ex-jogador do Chicago Blackhawks, e como treinador Gordon Dineen, ex-New York Islanders, Minnesota North Stars, Pittsburgh Penguins e Ottawa Senators.

Bobby Ryan e o Anaheim Ducks?
Especulo que Ryan seja reintegrado ao time durante a temporada atual, como cheguei a mencionar um pouco acima. Principalmente levando em conta o rendimento pífio que o ataque vem conseguindo.

Bobby tem espaço no elenco dos Ducks atualmente? Certamente que sim. Poderia fazer uma linha com Ryan Carter no meio e Travis Moen na esquerda, por exemplo. Seria uma bela linha, principalmente para enfrentar equipes com uma defesa mais sólida, caso, por exemplo, do Dallas Stars.

Lembrando que no final dessa temporada, é quase certo que Selanne e Niedermayer param de jogar. A hora de pensar nos jogadores que os substituirão é essa.

De qualquer forma, o futuro do que pode ser a maior promessa dos Ducks segue incerto. Tão incerto quanto o futuro da própria franquia.

Thiago Leal é colunista de TheSlot.com.br.
Edição Atual | Edições anteriores | Sobre TheSlot.com.br | Comunidade no Orkut | Contato
© 2002-08 TheSlot.com.br. Todos os direitos reservados. Permitida a reprodução do conteúdo escrito, desde que citados autor e fonte.
Página publicada em 15 de outubro de 2008.