Por: Thiago Leal

BOBBY
[Do ingl. Bobby.]
Substantivo próprio masculino
1. Diminutivo de Bob. (Ver: Bob)

BOB
[Do ingl. Bob]
Substantivo próprio masculino
1. Forma simplificada de Robert. Origina-se dos arcaicos Dob, Hob e Nob, que eram apelidos medievais de Robert.

Se dicionários normais definissem "Bobby", certamente você encontraria o primeiro verbete, com ligação para o segundo verbete. Mas se um dicionário de hóquei definisse "Bobby", você encontraria:

BOBBY —
[Do inlg. Bobby]
Substantivo próprio masculino
1. — Orr; Hull; Clarke. Apelido de três dos maiores jogadores de hóquei de todos os tempos.

Não por acaso, a música "The Hockey Song", do álbum Stompin' Tom and the Hockey Song, do artista canadense Stompin' Tom Connors, diz em sua letra: "Alguém grita, Bobby marca!" Essa simples frase pode se referir a três jogadores diferentes, os já citados Bobby Orr, Bobby Hull ou Bobby Clarke. Três jogadores que marcaram época no esporte e viraram ídolos maiores das franquias que defenderam.

Claro que temos mais dois grandes jogadores com esse nome: Bobby Smith e Bobby Bauer. Mas estão abaixo dos três principais Bobbies da NHL. Bauer na verdade veio antes deles e morreu antes que fizessem sucesso. E Smith, podemos considerar, veio depois.

Bom... agora temos um novo Bobby tentando marcar seu nome na NHL. Claro que dificilmente ele pode chegar a um Bobby Orr ou Bobby Hull. Ou pelo menos a um Bobby Clarke. Já seria muito. Mesmo assim, Bobby Ryan vem empolgando a torcida do Anaheim Ducks como Paul Kariya fez com o antigo Mighty Ducks of Anaheim. E se há algum tempo Bobby era uma incerteza no Honda Center... agora ele é uma promessa. Talvez demore até que venha a ser uma realidade para a NHL. Mas seus números, até aqui, mostram que ele tem capacidade para brigar por tal feito.

Bobby já foi mencionado aqui antes. Mais de uma vez, até. Escolha geral de número 2 no recrutamento de 2005, o primeiro pós-locaute, que teve como número 1 o badalado Sidney Crosby, o Anaheim não cometeu o erro que boa parte das franquias comete ao jogar seus jovens jogadores nos rinques da NHL logo de cara. Houve até quem tivesse se surpreendido com o fato dos Ducks não terem escolhido o defensor Jack Johnson.

Para trás, ficou a história de vida triste de Bobby Ryan. Aos 10 anos de idade, o garoto presenciou uma violenta briga entre Bob Stevenson, seu pai, e Melody Stevenson, sua mãe. O detalhe é que foi ela quem provocou a briga. Viciada em drogas, Melody agrediu o marido, que saiu de casa, mudando para a Califórnia e assumindo o sobrenome Ryan, como parte do programa de proteção de testemunhas onde o FBI permite que um cidadão mude de nome. Mas um ano depois, Melody chega à Califórnia com o filho, Bobby, para viver com o marido novamente — agora família Ryan, não mais família Stevenson. Curiosamente, Bobby começou sua carreira no hóquei na equipe infantil Los Angeles Junior Kings.

Depois de seu recrutamento, Ryan, que já estava a dois anos com o Owen Sound Attack, time juvenil da OHL, seguiu por lá mais duas temporadas. Passou pelo Portland Pirates, então menor do Anaheim Ducks, e chegou a disputar jogos da temporada 2007-08 da temporada regular, incluindo pós-temporada. Num total de 23 jogos de temporada regular, Ryan marcou 10 pontos, um número "normal". Até então não havia animado. E voltou para o "menor" da AHL, agora o Iowa Chops.

Em Iowa, Bobby disputou 14 partidas e marcou 19 pontos. Some isso ao fato de que os Ducks não haviam "se encontrado" na temporada (na verdade, ainda não "se encontraram"). Aos 21 anos de idade, a mesma com que Ryan Getzlaf deslanchou, parecia tempo o bastante para apostar em Bobby Ryan. O cara foi uma escolha geral número 2. Obviamente, tem que render, ou então vai embora. E essa seria a hora de testar se Bobby realmente é um jogador para o futuro da franquia.

Traz o Bobby de novo!

Ora formando linha com Ryan Getzlaf, ora com Ryan Carter, o que podemos dizer do Bobby Ryan que se visualizou até aqui, em seu "retorno" à NHL, é: o jogador ideal para o futuro dos Ducks. Não dá pra dizer se foi o seu período de experiência como juvenil e como menor, todo o cuidado que se teve até que o jovem atacante subisse ao time principal, que proporcionou um desenvolvimento e amadurecimento como atleta importantes a Bobby Ryan. Mas o fato é que, ao que me parece, os Ducks têm um jogador jovem e com uma cabeça melhor-trabalhada que a de muito guri talentoso espalhado pela Liga. Uma prova disso é sua capacidade de distribuir boas assistências, mesmo em momentos que um jovem mais empolgado tentaria o chute a gol, inspirados no princípio de que Você-perde-100%-dos-chutes-que-você-nunca-chuta.

Em 26 jogos, Ryan tem 26 pontos. São 12 gols em 14 jogos — na derrota por 4-3 para o Los Angeles Kings, Bobby Ryan marcou seu primeiro hat trick. O terceiro gol foi uma pintura. Por seus números em temporadas anteriores, Bobby ainda é considerado calouro, e por isso mesmo tornou-se o primeiro calouro a marcar um gol pelo Anaheim Ducks/Mighty Ducks of Anaheim. O mais surpreendente é que os três gols foram marcados num intervalo de 2:21 minutos, um recorde nos dias atuais (na temporada 1937-38, Carl Liscombe, do Detroit Red Wings, bateu o recorde absoluto, marcamdo os três em 1 :52). Bobby Ryan é, também, o quarto calouro em pontos na Liga.

Os fãs, claro, notaram a numeração que Bobby usa: 54. Nos juvenis, ele costumava vestir a camisa 9. Certamente, foi barrado em Anaheim, escolhendo o 5(+?)4. E ainda fica uma pergunta: teria o número 9 sido separado para, futuramente, ser aposentado?

Trivialidades à parte, em duas ocasiões Bobby Ryan marcou o gol-vencedor do time, e em outras duas fez a assistência que resultou no gol-vencedor. Sua produção vem sendo a segunda melhor do time, atrás apenas de Ryan Getzlaf, com quem forma a linha de ataque ideal em Anaheim.

Se o torcedor esperou tanto por Bobby Ryan, agora vem tendo uma overdose de Bobby Ryan. E, com certeza, com um resultado bem acima do esperado. Tudo bem, "ainda é cedo" para que determinemos que futuro Bobby Ryan vai ter na NHL. Mas é impossível não se animar com seus números atualmente.

Thiago Leal, Turma B 2009.1, Noite é, oficialmente, novamente estudante universitário. Calouras, segurem suas saias!
Bruce Bennett/Getty Images
Após marcar seu primeiro hat trick, Bobby Ryan sofre com a marcação adversária.
(08/01/2009)

Judd Furlong
Pelo Iowa Chops, última passagem por um time menor.
(23/11/2008)

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Página publicada em 14 de janeiro de 2009.