Por: Alessander Laurentino

Parece até rotina, mas Rangers e Devils nos playofs há muito deixou de ser novidade e acabou transformando-se em uma rivalidade interessante na costa leste. Dos times que já conquistaram campeonatos, que não estão entre os mais queridos da liga e que são vizinhos. Bons elementos para uma rivalidade, não? Some-se a isso uma história de confrontos em playoffs com jogos apertados, placares com um gol de diferença e pronto, está feita uma rivalidade histórica.

Nos playoffs da NHL de 2008 não será diferente. New York Rangers e New Jersey Devils já toparam de frente entre si na primeira rodada dos playoffs. No final da temporada regular os Rangers sucumbiram aos Devils e acabaram perdendo o mando de gelo para a primeira série.

Na quarta-feira, dia 09 de abril, a série teve início com os Devils como mandantes da primeira partida, mas quem mandou de verdade foi um Ranger que, por ironia do destino, é um ex-Devil: Scott Gomez.

No primeiro período ambas as equipes demonstravam uma cautela exagerada, evitando se expor defensivamente e consequentemente sem grandes mudanças no resultado da partida. Mesmo assim as penalidades não tardaram a aparecer. Logo aos dois minutos de jogo os Rangers ficaram em desvantagem numérica, porém os Devils desperdiçaram a oportunidade, assim como os próprios Rangers deixaram passar em branco duas oportunidades no mesmo período.

No segundo período a emoção tomou conta quando Brendan Shanahan colocou os visitantes na frente com mais de 90 segundos decorridos do tempo de jogo. Scott Gomez coletou seu primeiro ponto nos playoffs e já se mostrava um jogador de difícil marcação para a defesa do seu ex-time. No gol, Sean Avery também registrou uma assistência. Atrás no placar e tecnicamente um pouco inferior aos visitantes, os Devils tentaram mostrar reação, porém suas jogadas acabavam sem importunar verdadeiramente o goleiro Henrik Lundqvist. Com um pouco mais de esforço, e sorte, Paul Martin conseguiu empatar a partida e dar um novo ânimo aos seus colegas, contando com assistências de Patrik Elias e Zach Parise pouco depois de 14 minutos jogados no tempo intermediário.

Necessitando reagir na partida e aproveitando o bom momento depois do gol, os Devils tentaram impor seu ritmo de jogo, mas os Rangers, comandados por Scott Gomez e pela extensa experiência de Shanahan não se deixaram dominar e conseguiram resistir às investidas dos donos da casa.

Lundqvist foi eficiente na partida e, quando ele não conseguiu chegar no disco, pôde contar com a ajuda de seus colegas e também com a sorte, afinal os Devils acertaram as traves do gol defendido pelo goleiro dos Rangers nada menos que três vezes na partida.

Antes da metade do terceiro período os Rangers tomaram novamente as rédeas da partida, dessa vez para sempre. Ryan Callahan aproveitou falha de Brodeur e colocou os Rangers na frente pela segunda vez na noite. Brodeur e os Devils sentiram o golpe e visivelmente abatidos se tornaram presa fácil para os visitantes. Até mesmo a torcida sentiu o golpe e começou a perceber que a noite não era vermelha. Ou na verdade era, só que também era branca e azul. No gol de Callahan outra vez Gomez registrou uma assistência (as segunda na noite) e que se registre o fato de ter sido o primeiro gol dos Rangers em desvantagem numérica desde 1997, quando Esa Tikkanen marcou nessa condição para os Rangers contra os Flyers.

Aproveitando a superioridade técnica e de ânimo dos Rangers, Sean Avery fez uma grande jogada defensiva no meio do campo, roubando o disco e propiciando um contra-ataque rápido e mortal a favor dos visitantes. Novamente Scott Gomez brilhou sua estrela e graças a seu passe, aliado à sorte, o próprio Avery colocou o prego no caixão dos Devils.

Dessa vez o time de Nova Jersey tentou esboçar uma reação, partindo ferozmente ao ataque e disparando de todos os lados para o gol defendido por Lundqvist. Novamente o goleiro de New York contou com boa técnica e sorte, evitando que os Devils pudessem voltar ao jogo.

Faltando poucos segundos para acabar a partida, Shanahan aproveita a sobra de disco no meio do gelo, parte para o ataque e com a rede dos Devils sozinha à sua frente (Brodeur tinha sido sacado em troca de um sexto jogador de linha), e ele... não, ele não fez o gol. Shanahan cordialmente cedeu o disco ao jovem jogador Nigel Dawes, natural de Winnipeg, para que marcasse seu primeiro gol em playoffs na NHL.

Com a bela vitória na primeira partida da série os Rangers viram o mando de gelo e agora passam a contar com a vantagem teórica de poder fechar a série nos jogos 4 e 6 em seus domínios.

A partida ainda teve seus momentos de susto, como quando Jaromir Jagr caiu no gelo e ficou se contorcendo de dor. Felizmente foi só um susto e o golpe sofrido na região cervical do jogador não deve ter deixado maiores seqüelas, visto que ele retornou à partida, aparentemente bem.

Na segunda partida da série, ainda em Nova Jersey, Rangers e Devils disputaram uma partida um pouco mais disputada do que a primeira partida. No primeiro período cada equipe disparou nove vezes a gol, mas os dois goleiros (Brodeur e Lundqvist) seguraram as pontas com boas defesas e um pouco de sorte. Mesmo com duas oportunidades de vantagem numérica os Devils não conseguiram abrir o placar da partida, desperdiçando as duas oportunidades. A primeira logo a um minuto, quando Straka foi para o banco de penalidades e a outra no final do período quando faltavam 40 segundos para o final do tempo, quando Staal foi penalizado por atraso de jogo por jogar disco para fora do gelo.

No segundo período as equipes esqueceram de jogar e só pensaram em mostrar quem tinha mais porte físico e quem poderia intimidar mais o adversário. O resultado foram apenas dez disparos a gol no período inteiro, sendo quatro dos Rangers e seis dos Devils, além de uma chuva de penalidades. Só para dar uma idéia do estrago, Callahan, Shanahan (duas vezes), Dubinsky e Gomez foram punidos por provocarem confusão ou por atitudes anti-desportivas só pelo lado dos Rangers, sem falar na penalidade dupla de Backman e outra para Sean "irritante" Avery por interferência no goleiro.

Os Devils também não ficaram atrás. Clarkson, Langenbrunner e White foram punidos e outro jogador, Zubrus sozinho recebeu mais quatro penalidades.

Com os ânimos acalmados e decididos a voltar a jogar hóquei, Rangers e Devils voltaram com posturas diferentes no período final. Jaromir Jagr abriu o placar da partida pouco depois de quatro minutos de jogo no período final, contando com uma grande colaboração de Colin White. Enquanto os Devils não haviam assimilado ainda o primeiro gol, foi a vez de Sean Avery ampliar para os visitantes apenas 23 segundos depois do gol de Jagr.

Os Devils entraram em pânico e por muito pouco não tomaram mais dois gols na seqüência. No final da partida eles ainda conseguiram diminuir a vantagem dos Rangers com o gol de John Madden quando faltavam apenas 1:23 minuto para o final da partida. Infelizmente para os torcedores de New Jersey a resposta parou por aí e os Devils novamente saíram perdedores dentro de casa.

Paul Martin ainda teve uma clara chance de empatar a partida nos segundos finais e forçar uma prorrogação, mas Lundvist estava a postos e não deu chance para uma resposta dos Devils.

Novamente os Rangers levaram a melhor e agora a série seguia para New York, para o mando de gelo dos Rangers na partida número três.

Com um déficit gigantesco depois de perder as duas primeiras da série em casa, os Devils sabiam da importância de tentar recuperar o espaço perdido logo na primeira partida em New York, sob pena de ver a eliminação bater à sua porta logo na quarta partida da série.

Para piorar a situação, os Rangers não perderam uma série melhor de sete partidas depois de começar liderando por 2-0. E os próprios Devils só conseguiram sair de tal situação em uma das cinco vezes em que se achava com esse déficit (em 1994, contra o Boston).

Logo aos três minutos do primeiro período, Sergei Brylin mostrou que os Devils queriam algo mais do que jogar bem e perder novamente para os Rangers, e colocou o agora visitante Devils na frente no placar. A vantagem durou até os 12 minutos do mesmo período quando Dubinsky empatou a partida para os Rangers.

No segundo período novamente os times trocaram penalidades. Só os Rangers registraram seis penalidades enquanto os Devils registraram cinco no mesmo período.

Com tantas penalidades alguém teria que pagar caro. Quase aos sete minutos Sean Avery aproveitou a sobra do disco e virou a partida para os Rangers, em vantagem numérica.

Novamente em vantagem numérica foi a vez dos Devils responderem. E eles responderam duas vezes. Patrik Elias empatou quase aos 13 minutos e a virada veio com o gol de Zach Parise, ambos em vantagem numérica.

Porém, no começo do terceiro período eram os Rangers que estavam em vantagem numérica e não deixaram a passar a chance. Brandon Dubinsky estufou as redes de Brodeur e com seu gol mandou a partida para a prorrogação, uma vez que ninguém conseguiu vencer Brodeur ou Lundqvist nos demais 19 minutos da partida.

Com a primeira prorrogação na série os Rangers foram dominados no tempo extra. Foram seis disparos a gol dos visitantes contra apenas um dos Rangers. Aos seis minutos do primeiro tempo extra John Madden resolveu dar números finais à partida e marcou o gol da vitória dos Devils.

Com a importante vitória no jogo 3 os Devils evitaram se colocar na vexatória situação de 3-0 contra na primeira rodada dos playoffs e garante pelo menos mais um jogo em casa. Mas numa série em que, até agora, apenas os visitantes venceram, será essa uma vantagem verdadeira?

Antes disso as equipes se enfrentam na quarta-feira, no jogo 4, ainda em Nova York, no Madison Square Garden. Será que novamente o visitante levará a melhor?

Alessander Laurentino curte demais os playoffs, mesmo quando seu time não chega lá.
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Página publicada em 16 de abril de 2008.