Por: Igor Veiga

Chega a ser impossível ficar um único dia sem assistir a uma partida da pós-temporada da NHL deste ano. Apesar de alguns favoritismos evidentes, as séries estão nos presenteando com várias surpresas e jogos emocionantes. Destaco aqui duas de cada conferência.

Começando pelo Oeste. Que tal os confrontos entre Wild-Avalanche e Flames-Sharks?

Que séries! Que jogos! O difícil é manter-se acordado até altas horas da noite acompanhando as partidas, que várias vezes acabam se extendendo até a prorrogação. Mas se você é um daqueles corajosos que enfrentam a madrugada adentro e desafiam o próprio sono, aposto que até agora não tem do que se arrepender.

Nas noites em que Avalanche e Wild entram no gelo pode se esperar de tudo. E uma prorrogação é quase certa. Quem tiver problemas cardíacos, é aconselhável trocar de canal (antes que você pergunte "que canal?", imagine-se naqueles tempos remotos em a ESPN Internacional nos presenteava com várias noites e madrugadas de NHL. Pronto, é disso que estou falando).

E o jogo 3 seguiu exatamente o cronograma. Jogo disputado até o fim, reviravolta do time visitante, reação do time da casa e, é claro, a tão esperada prorrogação. Depois do gol de Bouchard, o time de Minnesota passou a liderar a série e poucas previsões poderiam ser feitas da partida seguinte.

Mas este colunista, que escreveu cerca de 2/3 desta matéria na manhã de terça, quebrou a cara com essa história de "protocolo" após o jogo 4. Mais uma vez jogando em casa, os Avs não tiveram compaixão do Wild e sapecaram um sonoro 5-1. Temos agora uma série empatada em 2-2 e são poucos os que têm coragem de apostar em um dos lados neste exato momento.

Não poderia deixar passar em branco o privilégio que é ver Joe Sakic jogar. Como seria bom se todos os dias de hóquei fossem assim. O craque, que beira os 40 anos, não só esbanja talento como também ainda se mostra um jogador decisivo. Nos momentos de desespero e agonia, mande o disco para Joe Sakic. Ele pode resolver os seus problemas.

Mas se os Avs têm Sakic como referência, uma franquia mais ao norte, em Calgary, Alberta, conta com Jerome Iginla para superar um forte adversário da Califórnia: os Sharks, que chegaram com um certo favoritismo frente à equipe canadense e que também foram vítimas de dois acontecimentos que marcaram a semana.

Primeiro, a virada histórica que sofreram no jogo 3, após estarem ganhando por 3-0 com pouco mais de cinco minutos jogados no primeiro período. Jogando em casa, os Flames aos poucos foram descontando o marcador, metendo um gol aqui e outro ali, e se aproveitando do clima de "já ganhou" que parecia pairar sobre o San Jose. Quando os visitantes acordaram, o placar já anotava 4-3 para o time da casa. E o sonho de uma vitória quase certa acabou se transformando em um grande pesadelo.

Além disso, que tal o megatranco sofrido por Patrick Marleau nessa mesma partida? Há quem diga que esse foi o segredo da virada dos Flames, pois, antes dessa cacetada, os Sharks venciam por 3-0 e os Flames só assistiam a Marleau e cia. desfilarem no gelo do Pengrowth Saddledome. Mas depois da porrada... bom, você já sabe...

Sorte dos Sharks que o efeito moral dos trancos acabam já no dia seguinte. No quarto jogo da série, o que se viu foi exatamente o contrário do jogo anterior. Faltando pouco menos de cinco minutos para o fim do jogo, os Flames lideravam por 2-1. Mas foi aí que surgiram os golaços de Jonathan Cheechoo e Joe Thornton, este último o autor gol da vitória, com menos de 10 segundos para o fim do embate. Aos Flames, ficou o castigo por ter se acomodado no marcador. Afinal, chutar apenas 10 vezes ao gol adversário não é papel que se faça em uma partida de playoffs. Os times agora viajam à Califórnia para o quinto jogo da série, que também está empatada em dois jogos para cada lado.

Cheguei a falar de Iginla? Não. Só citei seu nome. Pois bem, seus números não chegam a ser excepcionais, mas o capitão do clube canadense continua sendo o fator-chave do seu time nestes playoffs. Ele já tem seis pontos — dois gol (um deles em VN) e quatro assistências —, pecando apenas pelo -2. Mas quem tem Iginla, tem muita coisa. Muita coisa.

No Leste, os dois primeiros colocados na temporada regular vêm se deparando com cenários bem diferentes.

Os Penguins não têm encontrado nenhuma dificuldade em passar pelos Sens. Aliás, se era para jogar assim, era melhor que a equipe de Ottawa cedesse sua vaga para outro time realmente disposto e apto para disputar os playoffs — quem sabe os Canes, por exemplo?

O time canadense, que veio bastante desfalcado para os playoffs e que desde o final da temporada regular vem jogando de forma irregular (com o perdão do trocadilho), não está jogando absolutamente nada! E como do outro lado do rinque está uma equipe que conta com jogadores do calibre de Crosby e Malkin — só para citar dois exemplos — e também com uma bela torcida, não é de surpreender os três jogos a zero do time de Pittsburgh em uma série com forte aroma de varrida.

Mas, sem dúvida, um dos acontecimentos mais importantes foi ver os Bruins colocarem abaixo a seqüência de vitórias dos Canadiens no Jogo 3 da série entre as duas equipes. E quem não se emocionou ao ver a incrível festa no Garden (de Boston) feita pela torcida e pelos jogadores de amarelo e preto após o belo gol de Marc Savard, aos 9:25 min da prorrogação? Parecia até que o time tinha levado a Stanley! Ali estava a demonstração da raça de um time e do espírito de lealdade de sua torcida.

E foi uma festa mais do que merecida.

Depois de uma fraca atuação no jogo 1, os Bruins entraram mais confiantes na segunda partida e por pouco não saíram do gelo com uma vitória. Essa mesma confiança permaneceu no time durante o jogo 3. Só que dessa vez Kovalev e seus companheiros não conseguiram superar a equipe de Boston.

Na quarta partida da série, disputada ontem à noite, o defensor Patrice Brisebois foi o autor do gol solitário que garantiu a vitória ao clube canadense, que agora lidera por três jogos a um. Além disso, a vitória de 1-0 marcou o primeiro shutout em playoffs na carreira do jovem goleiro Carey Price, que fechou o gol "habitant" em uma partida disputada até o último segundo. Também não poderia deixar de aqui citar a ensurdecedora torcida canadense presente no TD Banknorth Garden. Quem acompanhava o jogo pelo rádio ou pela televisão jurava que os Habs não jogavam fora de Montreal.

Mas é bom lembrar que, mais do que uma simples vitória, o resultado daquele terceiro jogo serviu para mostrar aos comandados de Claude Julien que o que aconteceu durante a temporada tem de ser esquecido. E que, apesar da agora evidente vantagem, se os Habs quiserem sair vitoriosos do confronto terão que suar e muito para comprovar todo seu favoritismo.

Igor Veiga é fã dos Rolling Stones e está prestes a assistir ao documentário/show "Shine a Light", de Martin Scorsese, sobre a maior banda de rock de todos os tempos.
Jack Dempsey/AP
Demitra (38) e Rolston comemoram um dos gols do Wild sobre os Avs durante o jogo 3 da série, que deve acabar sendo decidida só no jogo 7.
(14/04/2008)
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Página publicada em 16 de abril de 2008.