Red Bull Salzburg
Em 2006, o EC Pasut Villacher — time tradicional, fundado em 1923
— venceu o Red Bull Salzburg nas finais da EBEL. Além do título,
a torcida do Villach ainda fez questão de gritar bem alto o quanto o
time de Salzburg não tinha tradição.
A equipe, de apenas dois anos de vida, poderia até ter o rico suporte
de uma gigante do ramo de bebidas energéticas, como a igualmente austríaca
Red Bull, mas ao final de tudo esse apoio financeiro não seria suficiente
para garantir conquistas superlativas. Bem, a julgar pelo que aconteceu
em 2006-07, os seguidores do EC Pasut Villacher terão que rever seus
conceitos.
Na temporada regular as equipes se enfrentaram oito vezes e Salzburg
venceu sete desses confrontos.
A Red Bull fez o possível para que o treinador sueco, Hardy Nilsson,
tivesse em mãos o melhor elenco possível. E, com um belo grupo, Salzburg
cumpriu o esperado.
A força do time começava entre as traves, com a presença do mítico goleiro
Reinhard Divis (ex-St. Louis Blues). O polivalente central Thomas Koch,
que estava no Lulea, da Elitserien sueca, foi repatriado e conquistou
um lugar na primeira linha do time. E o que havia dado certo na temporada
anterior foi mantido. Como o asa direito Frank Banham. O canadense de
Calahoo, Alberta, é um cigano do hóquei. Chegou a disputar 30 jogos
na NHL, mas acabou mesmo na Europa, onde acumulou milhagem na Finlândia,
Rússia e Suíça, antes de chegar ao hóquei austríaco.
Banham teve números mais modestos nessa temporada com relação à passada,
mas quando os playoffs chegaram ele foi jogado em tonel de Red Bull
e o drinque deu mais do que asas para o canadense: 21 pontos (9 gols),
em tão somente oito partidas. Mas, antes de analisarmos a campanha do
time de Salzburg na pós-temporada, vale uma rápida olhada no que aconteceu
na EBEL em 2006-07.
Uma grande novidade na liga austríaca foi a presença do HK Acroni Jesenice.
A equipe é uma das mais tradicionais da história da Eslovênia, tendo
vencido 28 vezes o campeonato nacional. Mas a pouco competitiva Prva
Liga já não significava um atrativo para o time, e acabaram migrando
para a EBEL.
Quem esperava mediocridade por parte do time comandado por Matjas Kopitar
(pai do fenômeno do LA Kings, Anze Kopitar), surpreendeu-se com a campanha
dos eslovenos. Em uma liga com oito times, eles acabaram em quinto lugar
— por causa de uma diferença de sete gols, perderam a quarta vaga
nos playoffs para o Vienna Capitals. O destaque individual do time de
Jenesice foi o americano Aaron Fox, que, com 92 pontos em 56 jogos,
só ficou atrás do canadense Todd Elik, do HC Innsbruck, na artilharia
— Elik contabilizou 98 pontos em 53 cortejos.
Playoffs
Pouco era esperado das semifinais, e ambas terminaram em varridas já
previstas. Os Black Wings de Linz não tiveram um elenco de nível o bastante
para ameaçar o EC Pasut Villacher. Já os Vienna Capitals foram humilhados
pelo Red Bull. Em especial no jogo inaugural da série, quando nosso
bom amigo Frank Banham marcou cinco vezes na goleada de 9-3. Nem mesmo
a contusão do defensor sueco Andreas Pihl atrapalhou a caminhada do
time rumo às finais — até porque o time acabou trazendo o linha
azul da seleção suíça, Goran Bezina, para ocupar o lugar de Pihl.
Com Red Bull Salzburg e o time de Villach vencendo suas séries, a Áustria
acabou tendo os mesmos finalistas de 2006, mas dessa vez com resultado
final diferente.
O jogo 1 foi vencido pelo já mencionado Reinhard Divis. O goleiro parou
todos os 27 chutes do Villacher. Martin Ulrich e Frank Banham, sempre
ele, marcaram os gols da partida. O embate seguinte foi em Villach,
onde cerca de 5 mil torcedores superlotaram o acanhado Villacher Stadhalle.
O jogo foi brutal e polêmico. Greg Artursson, do Red Bull, acabou indo
para no hospital. Os torcedores tentaram atingir os árbitros com uma
gama de objetos, em especial moedas — muitos defendem a teoria
que, por ser um time da bilionária Red Bull, a equipe de Salzburg conta
sempre com a complacência arbitral. Mas, pelo menos nessa partida, eles
saíram felizes. O EC Pasut Villacher acabou vencendo na disputa de pênaltis,
empatando a série final. Mas a partir desse momento, o Red Bull Salzburg
não daria mais chances para seu adversário.
As três partidas seguintes forma totalmente dominadas pelo Red Bull.
O quinto, que acabaria sendo último, encontro entre as duas agremiações
foi no Volksgarten Salzburg, e uma vantagem de 3-0 obtida já no período
inicial deixava bem claro que aquele título não mais escaparia de Divis,
Marco Pewal, Darby Hendrickson, Frank Banham & cia. No final da partida,
o 4-1 acabou sendo a senha para o início da festa no gelo e nas arquibancadas.
O Red Bull Salzburg pode não ter a tradição de seus rivais, mas já começa
a escrever sua história baseada em muitas vitórias e um grande título.
Elenco campeão
Goleiros: Reinhard Divis, Bernhard Bock e Magnus Eriksson.
Defensores: André Lakos, Andreas Pihl, Goran Bezina, Martin Ulrich,
Greger Artursson, Jakob Lainer, Victor Lindgren e Stefan Pittl.
Atacantes: Marco Pewal, Frank Banham, Darby Hendrickson, Thomas Koch,
Juha Lind, Mattias Trattnig, Dieter Kalt, Gregor Hager, Patrick Harand,
Matthias Schwab, Phillip Pinter, Martin Grabher Meier e Martin Pewal.
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![]() O craque Marco Pewal abre as asas e comemora: Red Bull campeão! |
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![]() Reinhard Divis, mito austríaco, conquista mais um título nacional. |
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![]() Festa do título na Praça Mozart, em Salzburg. Quem disse que o hóquei não é popular aqui? |