Por: Eduardo Costa

MODO Hockey

Quando avistamos alguma referência ao MODO Hockey Örnsköldsvik, logo associamos essa equipe sueca aos grandes jogadores formados em sua academia de hóquei: Peter Forsberg, Markus Naslund, os irmãos Sedin, entre outros.

A seleção local, e muitos clubes da NHL, já tiraram (e ainda tiram) proveito desse celeiro de craques. Mas, para o próprio MODO, isso nunca rendeu grandes conquistas.

Até o início dessa temporada, a equipe fundada em 1921 (como Alfredshem IK), só havia conquistado um único campeonato nacional da 1.ª divisão, e isso no longínquo ano de 1979. Desde aquela conquista solitária, o time colecionou decepções, com o título da Elitserien escapando após frustrantes derrotas nas finais de 1994, 99, 00 e 02.

Talvez essas frustrações tenham feito o time rever seus conceitos e apostar em veteranos para chegar ao seu 2.º título. Funcionou com o Färjestads BK em 2006, por que não funcionaria com o MODO?

Niklas Sundström chegou do Montreal Canadiens. Ele se juntou aos defensores Hans Jonsson e Mattias Timander. O capitão, Per Svartvadet, outro atleta com milhagem na NHL, foi mais uma figurinha carimbada do time.

Mas nem só de atletas consagrados (ou algo parecido) viveu o MODO. Jogadores pouco conhecidos na Europa também fizeram nome nessa temporada. O goleiro eslovaco Karol Krizan e seu compatriota, o atacante Robert Döme foram determinantes nos playoffs. O asa finlandês Kristian Kuusela e o também ponta Per-Åge Skröder (da seleção norueguesa) também ganharam notoriedade.

Apesar de contar com esses valores, o time de Örnsköldsvik não era tido como um dos favoritos no início da temporada. Segundo os analistas, o campeão estaria entre Färjestads, HV 71 de Jönköping, Frölunda Indians e Brynäs IF Gävle.

Färjestads e HV 71 corresponderam, e logo a seguir, na tabela final da temporada regular, chegou o surpreendente MODO. Frölunda foi a decepção — o desempenho medíocre do último vice-campeão da Elitserien fez com que Tommy Salo, seu goleiro, anunciasse sua aposentadoria. Mesmo com jogadores como Tommy Kallio, Martin Cibak, Steve Kariya, Antti-Jussi Niemi e Ronie Sundin, os Indians por muito pouco escaparam do grupo de times que disputaram a seletiva para ver quem permaneceria na divisão de elite e quem iria para a Allsvenskan.

Por falar em goleiro (ou algo da espécie), Roman Cechmanek quase afundou o Linköping. O time só conseguiu decolar quando mandou o tcheco embora e deu uma chance para o eslovaco Rastislav Stana. 

Playoffs
O confronto mais interessante das quartas-de-final foi entre Timrå IK e MODO. Cidades bem próximas, Timrå e Örnsköldsvik fazem o clássico da região de Västernorrland.

Timrå teve claro domínio nos primeiros quatro jogos, mas o hóquei nem sempre premia quem domina seu adversário. MODO venceu a metade desses cortejos em que seu oponente foi melhor. Todos esses confrontos foram decididos pela diferença mínima de um gol. A partida 5 foi diferente, com o Timrå goleando por 5-2 e deixando seu rival em uma situação crítica. Kristian Kuusela então iniciou sua seqüência de aparições determinantes. MODO venceu o jogo 6 por 4-2 e o épico jogo 7 por 2-1, com gol da vitória de Per Svartvadet e atuação fantástica de Krizan entre as traves.

Färjestads e HV 71 também seguiram adiante, assim como Linköping. A semifinal então teria os quatro melhores times da temporada regular.

MODO, mais uma vez, faria seus torcedores sofrerem. Sua série contra o HV 71 também foi decidido em um 7,º embate. E, mais uma vez, Karol Krizan foi o nome da série. Na outra semifinal, outro goleiro eslovaco daria as cartas.

Rastislav Stana venceu com folga o duelo contra Daniel Henriksson. Após cinco partidas, o Linköping não apenas eliminava o atual campeão Färjestads, como também garantia uma inédita vaga na final. O fator que desequilibrou a série, além de Stana, foi a perfeita atuação dos seis defensores do time, em especial a dupla n.º 1, Ivan Majesky e Carl Gunnarsson.

Linköping continuou aprontando nas finais ao vencer o jogo 1 por 5-1 e o 3.º por 2-1. MODO começaria o 4.º embate com desvantagem na série. Precisavam de uma vitória para não entrar em uma zona crítica.  E ela chegaria com um noite de brilho da 3.ª linha - Mikael Pettersson, Oscar Steen e Peter Öberg. MODO venceria por 5-1 e nunca mais olharia para trás.

Noruegueses e finlandeses não são considerados amigos fraternais dos suecos, mas pelo menos os seguidores do time de Örnsköldsvik têm um bom motivo para celebrar atletas desses dois países. Per-Åge Skröder fez o primeiro e deu a assistência para Kristian Kuusela marcar, já dentro de uma tensa prorrogação, o gol que deu vantagem para o MODO na série. Faltava uma única vitória para interromper a racha de 28 anos sem título.

A equipe de vantagem numérica do Linköping aproveitou duas chances, através de Tomas Vlasak e Andreas Holmqvist ainda no período inicial do jogo 6. Zdenek Blatny empataria no período seguinte. Até que, novamente, a dupla Per-Åge Skröder e Kristian Kuusela resolveria uma partida de contornos dramáticos. O norueguês serviu Kuusela nos segundos finais do segundo período. O finlandês, que já havia feito o gol da vitória no jogo 5, repetiu a dose: disco na rede de Stana.

Era esperado um bombardeio em Krizan no período final. Mas a boa tarefa do setor defensivo do MODO impediu que o time da casa ameaçasse seriamente a meta dos visitantes. Após 20 minutos, que pareceram uma eternidade para os seguidores do time, e voaram para o Linköping, a sirene final deu início a festa mais do que merecida do time da provinciana Örnsköldsvik. Aquele troféu de 1979 acabava de ganhar, finalmente, uma companhia.

Elenco campeão
Goleiros: Karol Krizan, Michael Zajkowski e Mattias Erlander
Defensores: Tobias Enström, Mattias Timander, Adam Andersson, Pierre Hedin, Oscar Hedman, Hans Jonsson, Tommy Wargh e Tobias Viklund
Atacantes: Per Svartvadet, Robert Döme, Kristian Kuusela, Niklas Sundström, Per-Åge Skrøder, Zdenek Blatny, Oscar Steen, Peter Öberg, Miloslav Horava, Mikael Pettersson, Andreas Salomonsson, Mattias Hellström, Johan Nilsson, Justin Morrison e Andreas Molinder.

Eduardo Costa é leitor assíduo da revista eletrônica K, a melhor sobre beisebol em território tupiniquim.
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Página publicada em 4 de julho de 2007.