Por: Eduardo Costa

Kärpät Oulu

Perfeição. Não existe palavra melhor para definir a temporada do Kärpät Oulu.

Melhor time da temporada regular, dono do melhor ataque e da defesa menos vazada, o Karpat foi uma locomotiva sem freio na pós-temporada, onde a equipe do norte finlandês fez história: dez jogos disputados, dez vitórias. Um aproveitamento monstro, antes alcançado apenas quatro vezes na SM-Liiga — TPS Turku em 1976, Tappara Tampere em 1977, Jokerit Helsinki em 1997 e, pela última vez, o HIFK, também da capital Helsinque, em 1998.

Era realmente esperado que o Kärpät chegasse a essa conquista, embora não com tanta facilidade. Como também era previsível que o Jokerit e HPK Hämeenlinna viessem logo a seguir na tabela. Infelizmente a SM-Liiga viveu um ano sem grandes surpresas.

O único temor do Kärpät estava entre as traves. Nas últimas campanhas do time, eles contavam com a segurança e talento de Nicklas Backstrom. Mas como Backstrom foi parar no Minnesota Wild, era preciso confiar em Tuomas Tarkki. E o jovem arqueiro não decepcionou. Terminou em primeiro lugar na temporada regular e nos playoffs em percentual de defesas e vitórias.

Jari Viuhkola, capitão do time, também poderia ter pego o rumo da América do Norte, mas preferiu ficar e buscar mais um título nacional. Viuhkola, em um ato nobre, e previsível, assim que recebeu o troféu de campeão da SM-Liiga, passou o mesmo para as mãos de Hannes Hyvönen, veterano de muitos campeonatos disputados, e que jamais havia sido campeão.

Situação contrária à do defensor Ilkka Mikkola, que, na tenra idade de 28 anos, conquistou seu sétimo título nacional em nove temporadas — além de vencer com o Karpat, já havia conseguido a glória máxima do hóquei local com o TPS e o Jokerit.

Janne Pesonen, destaque ofensivo do time na temporada, formou uma linha veloz e agressiva com os tchecos Viktor Ujcik e Michal Bros. O treinador Kari Jalonen, mestre em construir times coesos e reunir atletas que se completam nas unidades do time, acertou mais uma vez na mão.

Playoffs

Previsível e, até certo ponto, monótono. Quem tinha o favoritismo ao seu lado geralmente varreu o oponente. Os únicos times derrotados em suas séries a vencer uma partida, foram o HIFK, da capital Helsinque, e o Tappara Tampere.

O HIFK, do defensor Cory Murphy, melhor jogador da SM-Liiga na temporada 2006-07, era tido como uma zebra em potencial contra o HPK, mas o time de Hämeenlinna ignorou as tentativas de Murphy, Stephen Guolla e companhia.

Ainda nas quartas-de-final, o Jokerit bateu de frente com o Ilves Tampere, maior vencedor da história da SM-Liiga — 16 campeonatos. Tuuka Rask, goleiro que em breve deve chegar à NHL, e o veterano Raimo Helminen eram atletas que mereciam respeito, mas eles não tinham companheiros bons o suficiente para chegar às semifinais. Jokerit, com um hóquei agressivo e contando com bons valores individuais, como o artilheiro Jane Rita, garantia sua vaga nas finais com a varrida na melhor de três.

Kärpät fez o mesmo com os Pelicans. O time de Lahti é um dos mais modestos do país. Uma das poucas agremiações da divisão de elite que não possui capital para buscar reforços de fora, os Pelicans pareciam contentes com o papel de coadjuvante, em sua série contra o favorito máximo ao título.

Nas semifinais, o HPK chegou a complicar em duas partidas contra o Kärpät, perdendo ambas na prorrogação, e também foi varrido. O mesmo destino teve o Espoo Blues, em seu confronto contra o Jokerit. O maior pontuador da temporada regular, Martin Kariya, foi facilmente anulado pelo defensor Marko Tuulola, o que dizimou as poucas chances do Espoo na série. Teríamos então a previsível final entre Jokerit e Kärpät.

Disputada em uma melhor de cinco partidas, a decisão da SM-Liiga colocou frente a frente um gigante da capital contra a força que vem do interior. A partida inaugural em Oulu foi a melhor de toda a pós-temporada. O treinador canadense do Jokerit, Doug Shedden, conseguiu diminuir a velocidade do adversário e por muito pouco não saiu com um resultado positivo de Oulu. Mas é complicado combater um time com quatro linhas ofensivas tão boas, durante 60 minutos. Quando a prorrogação aparecia no horizonte, Janne Pesonen decidiu a partida para o Kärpät com seu habitual oportunismo.

No embate seguinte, na belíssima Hartwall Arena de Helsinque, a capacidade de vencer partidas que pintavam complicadas ficou mais uma vez em evidência. O jogo foi de um equilíbrio brutal, mas no final os comandados de Jalonen encontraram uma forma de vencê-lo. Mais uma vez, o tento da vitória foi anotado por Janne Pesonen. O placar adverso de 4-2 frustrou a platéia local e deixou o time do norte à uma vitória de seu quarto título nacional.

E essa conquista viria em casa, na acanhada Raksila Arena. A velocidade e agressividade do Kärpät não foram deixadas de lado nesse confronto final, mas o placar final de 5-2 não mostra o que foi o jogo, já que dois gols do time de Oulu foram marcados já com a meta do Jokerit vazia. Mas assim se faz um campeão. Assim como o Anaheim Ducks sempre encontrou um modo de vencer jogos complicados e parelhos na NHL, o Kärpät fez o mesmo nessas finais da SM-Liiga. Título merecido. Um conquista que mais uma vez orgulha o time da maior torcida do norte finlandês.

O jogador mais valioso da pós-temporada foi Janne Pesonen, mas pelo menos outros quatro atletas do time poderiam ter ficado com o prêmio. Uma prova que o melhor time teve o final merecido.

Elenco campeão

Goleiros: Tuomas Tarkki e Jaakko Suomalainen.

Defensores: Ross Lupaschuk, Jukka-Pekka Laamanen, Josef Boumedienne, Topi Jaakola, Jouni Loponen, Oskari Korpikari, Ilkka Mikkola e Antti Ylönen.

Atacantes: Michal Bros, Jari Viuhkola, Hannes Hyvönen, Janne Pesonen, Viktor Ujcik, Mika Pyörälä, Juhamatti Aaltonen, Kalle Sahlstedt, Teemu Normio, Antti Aarnio, Jyri Junnila, Tommi Paakkolanvaara, Tomi Mustonen e Mikko Alikoski.

Eduardo Costa gostaria de ter visto Marco Aurélio Lopes escrevendo sobre a SM-Liiga, mas entende que a fama e as mulheres estão ocupando muito tempo da estrela sloteana.
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Página publicada em 4 de julho de 2007.